Brindes curiosos oferecidos por companhia de seguros

Eu via com muito bons olhos o envolvimento das companhias de seguros em acções de prevenção desenhadas à maneira de projecto científico, mas isso são sonhos para um país futuro, pois parece que estão mais empenhadas em incrementar o potencial de sinistralidade.

Nos últimos anos temos visto crescer de forma desmesurada o recurso a meios de transporte urbanos inabituais no passado e, por via do desleixo dos responsáveis, sem que exista qualquer sinal de regulação de segurança. O cinto de segurança é obrigatório para quem viaja de automóvel e o capacete indispensável para os veículos de duas rodas, medidas que, como neurologista, não posso deixar de aplaudir. Elas mostram-se eficazes na capacidade de minorar os efeitos dos acidentes, mas não diminuem os acidentes. Sem que seja necessário fazer um estudo cuidadoso sobre acidentes com os novos veículos, temos que admitir que eles existem, sendo que nesse caso o condutor não tem qualquer protecção.

Analisemos este assunto pensando quem deverá intervir para o clarificar. Em primeiro lugar os utilizadores, que são os mais empenhados em que nada lhes aconteça, em segundo lugar o Estado, que deve velar pela segurança dos cidadãos, em terceiro lugar os serviços de saúde, dando notícia dos potenciais danos sofridos pelos acidentados (incluindo condutores e peões desprevenidos, frequentemente envolvidos, como é o caso de cidadãos invisuais que tropeçam nas trotinetas abandonadas de qualquer maneira nos passeios) e, finalmente, as companhias de seguros que são, a maioria das vezes, responsáveis pelo pagamento das facturas.

Ora acontece que uma companhia de seguros, portuguesa, oferece como brinde aos novos clientes de um seguro de vida ou de saúde uma trotineta eléctrica. Entendo que os únicos que não devem participar na discussão são os fabricantes e comerciantes, pois o negócio tem que prosperar, mas será que o negócio das seguradoras também prospera? Eu via com muito bons olhos o envolvimento das companhias de seguros em acções de prevenção desenhadas à maneira de projecto científico, mas isso são sonhos para um país futuro, pois parece que estão mais empenhadas em incrementar o potencial de sinistralidade.

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