Aumento do emprego beneficiou trabalhadores mais velhos

Nos últimos quatro anos, o emprego nas pessoas entre os 55 e os 64 cresceu 22%.

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Miguel Cabrita, secretário de Estado do Emprego, e Vieira da Silva, ministro do Trabalho LUSA/MIGUEL A. LOPES

O emprego entre os 55 e 64 anos de idade foi a que mais cresceu desde 2015, com um aumento de 22%, revela um documento do Ministério do Trabalho distribuído nesta sexta-feira durante uma reunião da Comissão Permanente de Concertação Social.

O documento onde o Governo faz uma análise à evolução do mercado de trabalho na actual legislatura, com base nos últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), mostra que entre o final de 2015 e Março de 2019 foram criados 347.800 empregos.

Embora o volume de emprego se tenha mantido estável na faixa etária dos 25 aos 44 anos, verificou-se um crescimento entre os mais jovens e nos trabalhadores mais velhos. Segundo a análise apresentada pelo secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, aos parceiros sociais, “há mais 50 mil empregos entre os jovens (mais 19,9%) desde o final de 2015” e mais “267,6 mil empregos em pessoas com 45 ou mais anos (mais 12,9%)”.

Mas “o intervalo etário onde o crescimento do volume de emprego é superior” é entre os 55 e os 64 anos, onde houve um aumento de 22%, ou seja, mais 150 mil postos de trabalho em quatro anos.

No final da reunião, Miguel Cabrita adiantou algumas explicações para o crescimento do emprego na faixa etária mais elevada. “Há um envelhecimento da população activa e é normal que os escalões etários mais elevados tenham mais peso no emprego total”, começou por explicar.

“A outra explicação, compatível com a primeira, pode ter a ver com o facto de à medida que o desemprego vai baixando os empregadores também se vêem na contingência de ter de olhar para segmentos do mercado de trabalho que, porventura, não seriam a primeira escolha num contexto de maior disponibilidade de mão-de-obra”, acrescentou o secretário de Estado.

O documento do Governo mostra ainda que os desempregados de longa duração (há mais de 12 meses sem emprego) representavam no primeiro trimestre do ano menos de metade do registado há quatro anos, existindo 165,4 mil desempregados nessa situação.

Este valor representa “menos de metade dos 394,8 mil do último trimestre de 2015”, lê-se no documento. Os desempregados de longa duração “são hoje menos de metade do desemprego total”, uma vez que o seu peso passou de 62,3% há quatro anos para 46,8% no primeiro trimestre de 2019.

O Ministério destaca que existe “um volume de emprego inferior em comparação com os níveis de 2008, mas o trabalho por conta de outrem já está acima dos níveis pré-crise”.

“Numa análise de médio prazo, verifica-se que desde o final de 2015 o essencial da criação de emprego ocorreu através do reforço do trabalho por conta de outrem e a tempo inteiro”, adianta a mesma fonte.

Miguel Cabrita explicou depois aos jornalistas que “há mais cerca de 200 mil trabalhadores por conta de outrem “e praticamente todos com contratos sem termo”.

Por sua vez, o documento do Governo indica que “todas as parcelas do emprego referentes a emprego a tempo parcial, subemprego a tempo parcial e trabalhadores independentes isolados” diminuíram, no conjunto, em menos 107.300 mil empregos.

Quanto às habilitações, “está a existir uma forte recomposição do emprego”, salienta o Ministério, acrescentando que entre o fim de 2015 e o início de 2019, segundo dados do INE, os empregos ocupados por pessoas com nível de habilitações secundário ou superior cresceram quase 430 mil, tendo perdido expressão os níveis de habilitação do 9.º ano ou abaixo (menos 110.000 pessoas).

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