O terror de The Perfection chegou ao Netflix e a conversa começou

Quando o #MeToo se torna um filme de terror — e o que torna o horror viral?

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Como se fala de um filme em processo viral e que ao mesmo tempo se estraga com spoilers? Depois de meses ziguezagues por entre os spoilers de A Guerra dos Tronos, Vingadores: Endgame e até à carta de Quentin Tarantino pedindo que não se estrague parte da história de Once Upon a Time in Hollywood, The Perfection é um filme de terror e de outras coisas. Vai-se transmutando de tal forma que falar da sua intriga é um terreno minado. Mas uma coisa se pode dizer sobre o filme candidato ao pódio do passa-palavra deste final de Primavera: “Cada plot twist é uma afirmação feminista”, como explica a actriz Logan Browning.

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Para evitar os spoilers, uma sucessão de referências de filmes e documentários que podem vir à mente quando se vê The Perfection: Cisne Negro, A Criada, A Mosca, Saw, Foge, Eyes Wide Shut, The Keepers. The Perfection desenrola-se sobre o pano de fundo da disciplina férrea das instrumentistas de música clássica e desemboca numa história de sedução, de horror gore, de manipulação e de violência sexual.

Logan Browning (Dear White People) e Allison Williams (Foge, Girls) são as protagonistas de um filme Netflix que convenientemente encontrou os seus espectadores num fim-de-semana prolongado nos EUA e que assenta numa versão distorcida de uma premissa #MeToo. Foi filmado por alturas do escândalo Weinstein e a mensagem do realizador Richard Shepard é que “os filmes de género conseguem falar sobre temas que talvez sejam demasiado difíceis de abordar de outras formas”, como disse ao New York Times.

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Os contributos das actrizes resultaram em mudanças de cenas para contemplar prismas raciais ou de género e o filme escrito por Eric C. Charmelo, Nicole Snyder e Shepard não se coíbe de manipular, trocar voltas, estilizar. Há quem lhe encontre defeitos estilísticos e más interpretações do movimento contra o assédio ou das visões sobre a sexualidade, e o público, a avaliar pelos comentários no Twitter e nas críticas, está entre o estarrecido e entusiasmado, mas também entre o galvanizado e o desagradado. É que The Perfection tem os ingredientes da surpresa e espanto (para o bem e para o mal) à medida da experiência de segundo ecrã que é um comentário no Twitter a pedir um meme. A crítica tem-lhe sido relativamente favorável, com elogios do New York Times, Los Angeles Times ou Rolling Stone e mais reservas no The Guardian, por exemplo. No meio de tanta conversa, entretanto o filme faz o seu caminho na viralidade.

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