GNR abre processos a militares em vídeo de continência de prostituta

Dois militares da GNR gravaram o momento em que passam por uma prostituta e a obrigam a fazer continência. O vídeo foi partilhado nas redes sociais e recuperado pelo Correio da Manhã. Comando da Guarda diz que os dois militares serão transferidos preventivamente.

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Margarida Basto (arquivo)

O Comando-geral da Guarda Nacional Republicana (GNR) “não se revê nem tolera” o comportamento de dois militares da GNR que obrigaram uma prostituta a fazer continência militar e gravaram o momento para partilhar nas redes sociais. O comando-geral diz que se trata de “um caso isolado” e adianta que já identificou os responsáveis que serão transferidos para outra função preventivamente. A mesma fonte da GNR diz que foram instaurados processos disciplinares.

No vídeo de 40 segundos revelado pelo Correio da Manhã, os dois militares da GNR dirigem-se à mulher, que já os espera a fazer continência, com o megafone incorporado no carro de patrulha e gritam: “Continência!”. A mulher obedece. Um deles pergunta-lhe depois: “Como está a correr o trabalho?” “Está aí à sombrinha, na cadeirinha”, continua. O outro pega no megafone e ordena-lhe que desfaça a continência. “Pode estar à vontade. À vontade não é à vontadinha”, diz, entre risos. Depois, abandonam o local às gargalhadas.

Num primeiro comunicado enviado esta manhã, o Comando-geral da GNR confirma a veracidade do vídeo, adiantando que “vem desencadeando um conjunto de diligências tendentes à localização espacial e temporal da ocorrência, bem como à identificação dos possíveis autores, para apuramento das responsabilidades”. 

Militares vão ser transferidos

O comando da GNR vinca que “não se revê nem tolera a adopção deste tipo de conduta, a qual é contrária aos padrões de actuação dos seus militares e aos princípios fundamentais que norteiam a sua qualidade de agentes de força pública e órgãos de polícia criminal”. Diz ainda que “o comportamento cívico” demonstrado pelos guardas “se desvia de uma actuação que se exige, em todas as circunstâncias, íntegra e profissionalmente competente”, concluindo que se trata de “um caso isolado”.

Horas mais tarde, o comando da GNR esclareceu que se trata de “dois militares que integram o efectivo do destacamento territorial de Loulé, subunidade do Comando Territorial de Faro, contra os quais foram entretanto instaurados processos disciplinares”. De acordo com o mesmo documento, os dois militares serão “transferidos preventivamente para o Comando da Unidade, em Faro, para o desempenho de funções que não implicam o contacto com o cidadão, uma vez que a sua presença na área onde os factos serão investigados é considerada incompatível com o decoro, a disciplina e a boa ordem do serviço”.

O PÚBLICO pediu mais esclarecimentos ao gabinete de comunicação da GNR, mas ainda aguarda resposta.

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