Historiador António Borges Coelho distinguido com Medalha de Mérito Cultural

No ano passado, o ex-professor catedrático recebeu o Prémio da Universidade de Lisboa e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, atribuída pelo Presidente da República.

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Adriano Miranda

O historiador António Borges Coelho vai ser distinguido esta sexta-feira, dia 31 de Maio, com a Medalha de Mérito Cultural, anunciou o Ministério da Cultura (MC), segundo o qual esta atribuição celebrará um percurso de vida “caracterizado pela intensa actividade política e académica”.

Em comunicado, o MC destaca o percurso profissional e pessoal deste historiador, poeta e ensaísta, e enaltece também o seu “constante compromisso com a cultura e língua portuguesas, nas quais e para as quais ajudou a preservar e a compreender, com a sua obra, uma parcela fundamental da memória nacional”.

“Para além da relevância do seu percurso científico no âmbito da historiografia portuguesa, foi sublinhada a grande erudição e acessibilidade da sua obra, e o seu comprometimento com a cultura e a língua, evidenciado no modo como integra na narrativa dos acontecimentos a caracterização detalhada de instituições, informações demográficas e estruturas económicas, sociais e culturais”, acrescenta a nota.

Nascido em Murça, Trás-os-Montes, a 7 de Outubro de 1928, António Borges Coelho frequentou o Seminário de Montariol (Braga), que abandonou por falta de vocação para o sacerdócio, segundo a nota biográfica disponibilizada pelo MC. Mudou-se para Lisboa para estudar Direito, mas acabou por frequentar o curso de História. Em 1962 retomou a sua licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa, que concluiu, em 1969, com uma tese sobre Leibniz.

Ex-militante do Partido Comunista, António Borges Coelho actuou na clandestinidade antes do 25 de Abril, tendo feito parte da oposição ao regime político, o que lhe valeu perseguições e a prisão durante vários anos, para além do impedimento de dar aulas no ensino oficial.

Em 1974, após a revolução, iniciou a sua actividade docente no Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leccionou durante 24 anos e participou em numerosas provas de mestrado, de doutoramento e de agregação. Passou a professor catedrático dessa faculdade, em 1993, com uma tese sobre a Inquisição de Évora. Ali deu a sua “Última Lição” a 11 de Dezembro de 1998.

A vasta bibliografia de António Borges Coelho inclui ensaio, poesia, teatro e ficção. Da sua investigação historiográfica resultaram obras como Raízes da Expansão Portuguesa (1964), A Revolução de 1383 (1965), e Comunas ou Concelhos (1973). Como ensaísta, é ainda autor de títulos como Alexandre Herculano (1965), Leibniz. O Homem. A Teoria da Ciência (1969), O 25 de Abril e o Problema da Independência Nacional (1975), e Questionar a História: Ensaios sobre a História de Portugal (1983). Nos anos 1970, organizou Portugal na Espanha Árabe (1972-1975), em quatro volumes, considerada uma obra de referência. Também fundou e dirigiu a revista História e Sociedade.

Como poeta publicou Roseira Verde (1962), Ponte Submersa (1969), Fortaleza (1974), No Mar Oceano (1981) e Ao Rés da Terra (2002), entre outros.

Escreveu ainda peças para teatro, como Príncipe Perfeito (1988), e, na área da ficção, Tempo de Lacraus (1999) ou Youkali é o País dos Nossos Desejos (2005).

Atualmente com 90 anos, António Borges Coelho continua a dedicar-se aos estudos de História e está a preparar uma antologia dos seus poemas.

No ano passado foi distinguido com o Prémio da Universidade de Lisboa, tributo de consagração pelo trabalho que desenvolveu naquela instituição, e com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. António Borges Coelho já havia sido agraciado anteriormente com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant"lago da Espada e com o Prémio da Fundação Internacional Racionalista.

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