Depois da vitória, Costa com “força renovada” para legislativas

O líder do PS destacou “derrota da direita” e “vitória dos partidos” que compõem o Governo. Depois das eleições, Costa diz que “geringonça” tem tido bons resultados “e não vê nenhuma razão para alterar” esse estado.

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António Costa esperou que todos os líderes falassem e só apareceu depois de Jerónimo de Sousa, o parceiro de Governo que saiu perdedor destas eleições. E depois de durante esta última semana o PS ter virado agulhas à conquista de eleitorado de esquerda, apareceu apaziguador e a lembrar que houve uma “derrota do PSD e CDS” e uma vitória da esquerda. Sobre o pós-legislativas, Costa recusou “uma grande coligação PS-PSD” e diz que a “geringonça” tem produzido bons resultados.

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António Costa esperou que todos os líderes falassem e só apareceu depois de Jerónimo de Sousa, o parceiro de Governo que saiu perdedor destas eleições. E depois de durante esta última semana o PS ter virado agulhas à conquista de eleitorado de esquerda, apareceu apaziguador e a lembrar que houve uma “derrota do PSD e CDS” e uma vitória da esquerda. Sobre o pós-legislativas, Costa recusou “uma grande coligação PS-PSD” e diz que a “geringonça” tem produzido bons resultados.

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As eleições mostram “a derrota muito clara que o PSD e o CDS sofreram. É também muito claro que o PS e os partidos que com o PS viabilizaram a actual solução governativa não tiveram essa derrota, tiveram uma vitória na noite eleitoral”, disse o líder do PS, que considerou o resultado um “voto de confiança no PS”. Questionado sobre futuras coligações, não respondeu nada de muito diferente do que tem dito: “A actual solução provou assegurar uma boa estabilidade política, bons resultados do ponto de vista económico e social e por isso não há nenhuma razão para alterar o que tem produzido bons resultados”, disse. E acrescentou que “não seria saudável para a democracia uma grande coligação PS-PSD”.

Estas eleições, acredita Costa, deram “força renovada” ao Governo e por isso deve “aos portugueses este voto de confiança”. 

No seu discurso, começou por destacar que a primeira vitória foi sobre a extrema-direita. “Não obstante o crescimento marginal das forças da extrema-direita e antieuropeias, no conjunto do Parlamento Europeu há uma esmagadora maioria dos apoiantes do projecto europeu, dos democratas e progressistas à escala da Europa”, disse.

Pedro Marques, o cabeça de lista às europeias, não teve dúvidas em classificar a vitória do PS como “uma enorme vitória do PS” ou um “farol de esperança”. “Crescemos em votos e crescemos em mandatos e ficámos a mais de dez pontos do nosso principal adversário”, disse. O socialista acrescentou, no entanto, que esta é também uma “enorme vitória da governação destes três anos e meio e deve ser motivo de regozijo para todos nós”.

Contudo, Pedro Marques pediu uma “reflexão” por causa da elevada abstenção no país. Não pode ser possível que “as campanhas só passem se forem carregadas de soundbites”. Uma ideia também deixada por António Costa que disse que todos têm agora a “responsabilidade de reflectir” nos próximos cinco anos para que quem não votou se sinta parte do projecto europeu.

César abre portas a outros partidos que não PCP e BE

Ao início da noite, a ideia de que o PS ia transportar estes resultados para as legislativas tornou-se evidente em dois momentos. O primeiro quando a secretária-geral adjunta Ana Catarina Mendes salientou o “reforço” na votação dos partidos que sustentam o Governo. Na verdade, apenas o BE e o PS ganharam eurodeputados (à hora de fecho subia de oito para nove, mas havia o décimo em disputa com o PCP), o PCP perdeu. No total, os três partidos têm mais eurodeputados (apesar de serem de famílias políticas europeias diferentes) e conquistaram mais votos do que nas europeias de 2014.

O segundo momento seria mais esclarecedor sobre o pensamento de António Costa. Carlos César, o homem que muitas vezes fala pelo primeiro-ministro meses antes de este o fazer, foi aos microfones da sala do Hotel Altis para dizer que este resultado embala o partido para uma vitória das legislativas de Outubro, mas mais importante do que isso, foi dizer que o PS não fecha portas a alianças depois dessas eleições e que isso depende de como PCP e BE olharem para “outras áreas e outras temáticas” que são “imperativas” numa próxima legislatura.

O ensaio do discurso de que são necessárias reformas (o PS não gosta da palavra, prefere falar em medidas progressistas) e que é necessário perceber se a esquerda está disponível para esses consensos está feito por César. “Queremos voltar a ter um Governo para ter um período de estabilidade para uma legislatura” e, por isso, o PS falará com outros partidos, sendo PCP, BE e PEV “privilegiados”. Contudo, acrescentou, “são necessárias outras áreas, outras temáticas” sobre as quais é preciso falar depois das eleições. Aí, o PS começa já a dizer que, se não chegar a entrar em acordo com a esquerda, depende à partida dos parceiros: “Vamos ver qual a resposta dos partidos à nossa esquerda para o imperativo dessa mudança”, referiu. A ideia vai na linha da defendida por Costa durante a semana, quando disse ao PCP e BE que estes já tinham aprendido em Portugal que mais vale estarem comprometidos com uma solução de Governo do que se manterem “arredados numa mera posição de protesto”.

Um dos partidos que estarão debaixo de olho do PS é o PAN, que subiu nestas eleições europeias, o que lhe poderá valer uma projecção maior em Outubro, podendo ajudar o PS a chegar a uma maioria no Parlamento que dispensa um, dois ou os três dos parceiros actuais.