Os Maus Êxitos dos D’Alva no Porto e em Lisboa

O duo de Alex D’Alva Teixeira e Ben Monteiro apresenta o segundo álbum, lançado quatro anos depois de #batequebate, no Maus Hábitos e no Musicbox.

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CRISTIANA MORAIS

Mesmo para alguém que tenha visto D'Alva nos últimos meses, os dois concertos que vão dar este fim-de-semana, sexta-feira no portuense Maus Hábitos e sábado no lisboeta Musicbox, serão diferentes e novos. Quem o garante é Alex D'Alva Teixeira, que, com Ben Monteiro, compõe a dupla de “alt-pop” – palavras deles – que lançou em Outubro Maus Êxitos, o segundo álbum, quatro anos após a estreia com #batequebate, de 2014.

“Vamos revisitar o primeiro álbum de forma ligeiramente diferente, como se o estivéssemos a fazer em 2019”, explica ao PÚBLICO. Nos quatro anos que separam os dois trabalhos, diz, ficaram a perceber melhor “a identidade do som de D'Alva”, tendo agora optado por tornar “essas canções ainda mais electrónicas, homogéneas e contemporâneas”. “Só na Frescobol é que não fizemos quase nada”, comenta.

Além disso, e mesmo que tenham já actuado várias vezes desde a saída de Maus Êxitos, há canções que ainda não foram estreadas ao vivo, algo que acontecerá agora. Isto porque não foram feitas a pensar nesse contexto, o que obrigou a encontrar uma solução que só será revelada agora.

Tanto no concerto do Porto quanto no concerto de Lisboa terão convidadas especiais. No Maus Hábitos, onde a banda nunca actuou, cantarão com Catarina Salinas, metade de Best Youth, enquanto no Musicbox, uma sala com história para eles, terão a voz de Ana Cláudia, que este ano chegou à final do Festival da Canção com uma canção da autoria dos D'Alva. Depois disso, têm uma agenda com datas até Setembro – na próxima sexta-feira, dia 31, actuam no Montijo, por exemplo. Nesta digressão, partilha Alex, a dupla quis privilegiar a “descentralização” e “salas mais pequenas”, conta: “Quando aparecemos tivemos muita sorte e começámos a tocar logo em festivais grandes, mas não tivemos muita oportunidade de tocar em clubes mais pequenos.” Querem, agora, “estar próximos das pessoas”.

A idade adulta

O hiato entre #batequebateMaus Êxitos foi longo. “Sentimos essa pressão de ter um álbum novo, mas não tínhamos nada de relevante para dizer, não fazia sentido fazer algo vazio e desprovido de conteúdo.” Chegada a altura, saiu-lhes um disco pessoal. “É a minha entrada na idade adulta, e para o Ben também é uma chegada à maturidade”, comenta Alex, que em 2020 entrará nos 30, no mesmo ano em que o seu companheiro de banda comemorará o 40.º aniversário. “É um álbum sobre a desilusão”, professa, sobre as expectativas que se tem para a vida e o seu embate com a realidade. 

Por isso, é um disco com algumas “declarações pessoais”: “Marca a minha saída do armário”, confessa, remetendo para o penúltimo tema, A carta. “É importante ter escrito essa canção com a ajuda do Ben, que é heterossexual e teve empatia para escrever uma canção sobre o facto de a sexualidade ser uma coisa que não escolhes. Foi um ponto de viragem até no que diz respeito à nossa amizade. Somos amigos há muito tempo e nunca nos sentimos tão em paz com as nossas diferenças”, acrescenta.

A amizade surge muitas vezes em conversa com Alex. Enumerando os restantes músicos com que os dois se apresentam ao vivo, e depois de explicar que estão a tocar muito melhor juntos do que quando começaram, realça que aquilo de que “mais gosta em D'Alva é o facto de serem os mesmos amigos desde o início”, que tocam com eles desde antes de serem uma banda propriamente dita. É isso que se vai ver, agora no Porto e em Lisboa, depois no resto do país.

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