Vamos ter eleições em Julho... e os culpados são os professores?

A demissão deste Governo significará que os professores vão recuperar, por força da lei, aquilo a que têm direito. Mas não se trata só dos professores, trata-se de levar por arrasto todas as carreiras especiais da função pública.

A pergunta do Scolari ainda ecoa pelo ar, “E o culpado sou eu"? Nem ele o era na altura, nem os professores o são agora. Não! O Parlamento também não é culpado. O Governo e o seu desgoverno cheio de prepotência e arrogância é o culpado. O Governo está a colher o que semeou.

Depois da farsa em que transformou o compromisso com os professores, assumido em 2017. Depois do incumprimento da LOE de 2018 com interpretações de português duvidosas e de negociações com os sindicatos que não passaram de uma farsa monologa. A repetição, em 2019, de uma negociação intransigente em que só uma opinião estava em cima da mesa, o Governo, mais uma vez, tinha que usar a técnica de “sacudir o capote”. Fez um pré-aviso de demissão. 

Em Julho teremos eleições, é ponto assente. É a última cartada para tentar assegurar uma maioria no parlamento na próxima legislatura. O partido do Governo tem vindo a ser desacreditado na opinião pública pelos diversos “escândalos” a que têm vindo a público. Um governo minoritário, dependente de alianças constrangedoras e redutoras de uma autonomia pretendida levam a um ato desesperado, a demissão. Mas não é uma qualquer demissão.

A demissão que o Governo espera ter é à custa de um velho alvo, os professores. Os professores sempre foram um alvo a abater. Sócrates tentou e quase conseguiu, Costa foi mais longe. Costa vitimizou o seu governo minoritário, implantou a semente da culpa numa classe e tenta manipular todo um eleitorado com meias informações e dramatizações dignas de um dramaturgo de renome. António Costa anseia pela demissão. António Costa vai-se demitir e com ele todo o seu governo minoritário. António Costa almeja voos mais altos e está crente que este é a melhor forma de o conseguir.

No meio de todo um palco de teatro de terceira, os professores. Poderíamos referir a ausência de transparência das contas do Governo em relação aos montantes divulgados, mas isso já foi feito. Até se poderia publicar os reais valores, mas isso, também, já foi feito.

O que resta aos professores? A demissão deste Governo.

A demissão deste Governo significará que os professores vão recuperar, por força da lei, aquilo a que têm direito. Mas não se trata só dos professores, trata-se de levar por arrasto todas as carreiras especiais da função pública. Os professores serão, por força das circunstâncias, solidários com todas as outras carreiras.

E se o Partido Socialista tiver nova oportunidade de formar governo, por força da lei, terá que cumprir o que ficar determinado antes da demissão deste Governo. 

Se os professores forem optimistas, poderão ser levados a pensar que todos, até o Partido Socialista, poderão sair vitoriosos desta situação. Mas depois de tanta falsidade, hipocrisia, desonestidade intelectual, arrogância, prepotência, tentativa de desinformação… os professores não serão optimistas e estarão sempre “com um olho no burro outro no ladrão”.

Toda a discussão e retórica que se gerou à volta deste assunto nas últimas horas, não passarão disso mesmo, discussão (sem significado) e retórica.

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