Alemanha prepara transferência de vítimas do acidente na Madeira

Evacuação dos feridos que quiserem (e puderem) está a ser articulada com as autoridades de saúde regionais. “A maioria” dos turistas alemães regressa no sábado ao seu país. No hospital continuam 16 vítimas internadas, duas são portuguesas.

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Ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, deposita coroa de flores em homenagem aos mortos e feridos no acidente com autocarro que foi um dos mais trágicos nas estradas madeirenses HOMEM GOUVEIA / LUSA

As autoridades madeirenses e alemãs estão a ponderar a transferência para a Alemanha de pelo menos parte dos feridos do acidente de autocarro ocorrido quarta-feira na Madeira, que continuam internados no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal.

A articulação está a ser feita entre a direcção clínica do hospital madeirense e as equipas médicas alemãs que chegaram quinta-feira à região autónoma, integradas na comitiva do ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas. Mas, a acontecer as evacuações só serão feitas a partir de amanhã.

“Hoje não haverá transferências de doentes para a Alemanha”, clarificou na manhã desta sexta-feira, em conferência de imprensa, o adjunto da direcção clínica do Hospital Dr. Nélio Mendonça, Miguel Reis, acrescentando que o avião-ambulância alemão não chegou à Madeira.

O Presidente da República deslocou-se esta sexta-feira ao Hospital Dr. Nélio Mendonça e visitou os feridos do acidente que envolveu um autocarro, tendo adiantado que “a maioria” dos turistas alemães que ali se encontram regressa no sábado ao seu país.

“Como disse, amanhã [sábado] muitos dos doentes que aqui estão, alemães a grande maioria, parte para suas casas, mas encontrei naqueles turistas alemães com quem falei há pouco a mesma vontade, o mesmo reconhecimento, a mesma gratidão e a mesma vontade de não esquecerem a Madeira e de regressarem”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, à saída daquela unidade hospitalar do Funchal.

Neste momento, dois dias depois do despiste de autocarro com turistas alemães ter provocado 29 mortos e 27 feridos no Caniço (uma cidade a Leste do Funchal), continuam hospitalizados 16 vítimas: 14 de nacionalidade alemã e duas portuguesas.

“Das 28 vítimas que deram entrada no hospital, 11 tiveram alta hospitalar, e uma infelizmente faleceu”, disse Miguel Reis, especificando que dois feridos continuam internados na Unidade de Cuidados Intensivos, quatro estão nos Cuidados Intermédios Cirúrgicos, dois no Serviço de Cardiotorácica e oito na Ortopedia. Entre os feridos contam-se o motorista do autocarro, de 55 anos, e a guia turística de 29. Ambos portugueses.

O chefe de Estado disse ter estado com os dois portugueses que também se encontram internados ali, o motorista - “o senhor Zé” - e a guia - “a Carlota”, tendo assinalado que ela “é uma mulher de armas”, e que ele “é muito resistente”. Marcelo quis também manifestar a “gratidão de todos os portugueses” pelo trabalho desenvolvido por quem prestou socorro às vítimas.

O despiste, o mais trágico ocorrido nas estradas madeirenses, aconteceu no final da tarde de quarta-feira, quando a poucos metros do hotel onde estavam hospedados, a Quinta Splendida, o autocarro onde viajam descontrolou-se e caiu por uma ravina, até chocar contra uma moradia. As causas do acidente ainda não foram identificadas, mas a tese de avaria mecânica tem sido avançada.

O grupo de turistas alemão estava na Madeira desde sábado passado para gozar uma semana de férias, e está a ser acompanhado por equipas de psicólogos do Serviço Regional de Saúde da Madeira e da Alemanha.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chega esta tarde à Madeira. Vai passar pelo local do acidente, antes de visitar as vítimas no hospital. Durante a tarde, antes de regressar a Lisboa, participa em duas cerimónias religiosas. Uma católica, integrada nas celebrações da Páscoa. Outra Presbiterana, que será conduzida pela reverenda Ilse Berardo, pastora da Igreja Presbiteriana na Madeira, que tem acompanhado as vítimas do acidente.

Marcelo estará acompanhado por Heiko Maas, pelo embaixador da Alemanha em Lisboa, Christof Weil, e autoridades regionais. 

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