DGS quer estudantes universitários a comer melhor

É preciso apostar nos jovens adultos, numa fase em que estes “adquirem maior liberdade e independência” e começam a ser responsáveis pela escolha, compra e confecção dos alimentos, lê-se no balanço da Estratégia Integrada Para a Alimentação Saudável.

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NMM - Nuno Ferreira Monteiro

O grupo de trabalho responsável pela Estratégia Integrada Para a Alimentação Saudável (EIPAS) quer contribuir para a “definição de linhas estratégias para a melhoria da oferta alimentar nas instituições públicas de Ensino Superior”, por considerar que os estudantes universitários “podem ser considerados um grupo de risco para hábitos alimentares desadequados e aumento de peso”. Esta é uma das conclusões do relatório que analisa a progressão da EIPAS no segundo semestre de 2018.

No documento é também revelado que a monitorização do cumprimento das metas definidas para a redução do açúcar, sal e gordura nos produtos alimentares será feita pela empresa Nielsen, em parceria com a Direcção-Geral de Saúde (DGS) e o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

Coordenada pela DGS, a EIPAS envolve sete ministérios e foi lançada no final de 2017. Este é o 2.º relatório semestral apresentado pelo grupo de trabalho que monitoriza a aplicação das medidas previstas para os quatro grandes eixos em torno dos quais a estratégia se desenvolve. Nas conclusões do documento, os estudantes universitários surgem como um grupo de particular interesse, já que este período da vida dos portugueses é considerado “muitas vezes [como] um período crítico com impacto nos hábitos alimentares dos indivíduos”.

A explicação vem logo a seguir: “Este período coincide com um período em que os jovens adultos adquirem maior liberdade e independência, começando a serem responsáveis pela escolha, compra e confecção dos alimentos. Deste modo, a promoção de hábitos alimentares adequados nestes grupos da população é de extrema importância, podendo as instituições do ensino superior ter um papel activo nesta área.”

A EIPAS “pretende contribuir” para esse facto, dando “o apoio técnico necessário para a operacionalização de uma estratégia para a promoção de uma alimentação saudável” nos estabelecimentos de ensino. A criação de uma “proposta estratégica” que parta de uma discussão em torno das boas práticas que já possam existir é a proposta do grupo de trabalho.

Mas as propostas não se ficam por aqui nem se destinam apenas a este grupo. Ao mesmo tempo que recomenda a publicação de legislação “que regule o marketing e a publicidade de alimentos dirigidos a crianças” – outro grupo de risco -, lembrando que “Portugal não apresenta ainda legislação nesta área”, o grupo quer também contribuir para uma maior literacia dos portugueses no que diz respeito aos rótulos dos produtos.

É que, relembra-se no relatório, um estudo realizado no nosso país com o apoio da OMS demonstra “a incapacidade de muitos portugueses em compreender o actual modelo de rotulagem nutricional, uma vez que 40% dos inquiridos não compreendiam a informação nutricional presente nos rótulos dos produtos alimentares.” Dados que “sugerem a necessidade de alterar o actual modelo”, dizem os responsáveis pela EIPAS, que se propõem a “contribuir para a discussão relativa à avaliação, identificação e eventual implementação de um modelo de rotulagem nutricional adicional de carácter interpretativo dos rótulos dos produtos alimentares, que facilite o acesso por parte do cidadão a informação de qualidade para uma escolha informada, sustentada por evidência científica disponível”.

O relatório aponta ainda a necessidade de continuar a insistir na promoção de uma dieta Mediterrânica e das medidas que têm sido preconizadas na EIPAS serem implementadas ao nível dos municípios, alguns dos quais já celebraram protocolos nesse sentido. E lembra que a revisão do Imposto Especial de Consumo Sobre as Bebidas Açucaradas e Adicionadas de Edulcorantes partiu de uma proposta apresentada pelo grupo de trabalho e seguiu as sugestões por ele apresentadas.

Para o futuro, o grupo responsável pela EIPAS quer mais ministérios envolvidos no trabalho, por considerar que algumas áreas identificadas como prioritárias “extravasam as competências” dos que já nele participam. Assim, foi já sugerido à tutela que a EIPAS passe a integrar também o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o Ministério do Ambiente e o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

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