Associação alerta para aumento dos habitantes sazonais nos centros históricos

A Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico adverte para o "disparo no preço" das zonas centrais das grandes cidades, o que leva ao afastamento dos habitantes para a periferia, afectando assim "a alma" e identidade local.

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Miguel Manso

A nova dinâmica do arrendamento e a subida exponencial dos preços nas zonas centrais das grandes cidades estão a aliciar novos habitantes sazonais, afectando a estrutura populacional e a identidade local, considerou esta quarta-feira a Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico.

Os centros históricos das cidades, localizados nas zonas centrais, continuam a ser os eleitos no que toca à acessibilidade, ao comércio, às empresas e a nível turístico, levando a um “disparo no preço destes locais”, frisou o secretário-geral da Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico (APMCH), Frederico Paula.

De acordo com o representante, o problema comum a todos os centros históricos do país continua a ser a “população extremamente envelhecida” e a “falta de habitantes nos centros históricos”, devido à “fuga dos habitantes para as periferias, da turistificação de muitos centros históricos e do abandono de muitas cidades do interior para o litoral”.

No entanto, actualmente, a população destas zonas começa a sofrer alterações.

Frederico Paula considera que “a alma” dos centros históricos “está a ser destruída” com a substituição dos habitantes originais por “habitantes sazonais ou de outras zonas”, que resulta na perda da identidade destes locais.

“Em cidades como Lisboa, há certas zonas onde o alojamento local já atinge valores de quase metade das habitações”, levando a que as pessoas se desloquem para as periferias por serem “incapazes de competir com estes novos habitantes que começam a surgir”, lamentou.

No XVII Encontro Nacional de Municípios com Centro Histórico, que se realizou em Novembro passado em Guimarães, o tema foi “Habitar o centro histórico”, porque “a APMCH considerou que era essa a questão fundamental que se coloca hoje a todos os centros históricos, e é a questão que está na ordem do dia como o grande problema com que se debatem”.

Segundo o responsável, “a solução comum para todos estes centros é serem habitados cada vez mais por uma população que os habite em permanência”.

Actualmente, já há “um trabalho que está a ser feito pela generalidade das autarquias na protecção dos centros históricos para a sua promoção” e muitas “estão a criar áreas de reabilitação urbana que permitem dispor de uma série de instrumentos financeiros e jurídicos para intervir de alguma forma nestas zonas com benefícios fiscais”, sublinhou.

O Dia Nacional dos Centros Históricos - que coincide com o dia do nascimento de Alexandre Herculano, patrono dos centros históricos portugueses - comemora-se anualmente em 28 de Março e é assinalado com iniciativas locais em vários municípios, mas é realizada sempre uma comemoração nacional pela Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico.

Este ano essa comemoração será na quinta-feira em Castelo de Vide, onde haverá uma sessão solene evocativa com a presença da câmara e dos órgãos sociais da associação, um almoço oferecido pelo município e a apresentação, pela autarquia, do seu projecto de reabilitação do centro histórico.

Será ainda atribuído o prémio “Memória e identidade” ao ex-Presidente da República Jorge Sampaio, e vai ser apresentado pelo secretário-geral da APMCH, Frederico Paula, um evento que a associação está a programar para Novembro, em Marrocos, para assinalar os 250 anos do abandono da praça de Mazagão (última praça portuguesa em Marrocos).

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