Karen Uhlenbeck é a primeira mulher a vencer o prémio Abel

Norte-americana de 76 anos foi premiada pelo “impacto fundamental” do seu trabalho na análise, geometria e física matemática.

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Karen Uhlenbeck tem 76 anos e trabalha actualmente na Universidade de Austin, Texas (EUA) Andrea Kane/Institute for Advanced Study

A Academia Norueguesa das Ciência e das Letras anunciou esta terça-feira que Karen Keshulla Uhlenbeck é a cientista distinguida com o Prémio Abel, um dos mais prestigiados prémios no campo da matemática.

A norte-americana de 76 anos foi premiada pelos avanços conseguidos em várias áreas da matemática, entre as quais se encontram métodos pioneiros de análise geométrica que hoje são usados por muitos matemáticos. É a primeira mulher a ganhar este prémio que muitos consideram o “Nobel” da Matemática, no valor de seis milhões de coroas norueguesas (619 mil euros), e que foi atribuído pela primeira vez em 2003.

De acordo com um artigo publicado esta terça-feira no site da revista Nature, Karen Uhlenbeck soube que tinha vencido este prémio no passado domingo. “Fiquei completamente espantada. Foi totalmente inesperado”, disse a cientista, citada pela Nature.

Karen Uhlenbeck está actualmente ligada à Universidade de Austin (Texas, EUA) e é conhecida no campo da matemática pela sua habilidade com as chamadas equações diferenciais parciais — que ligam quantidades variáveis a taxas de mudança e que suportam muitas leis da física.

Mas a sua carreira foi além disso, invadindo os terrenos da geometria, entre outros. No anúncio oficial, o júri destaca o seu contributo em questões como a teoria de gauge (ou teorias de calibre) e sistemas integráveis, assim como o “impacto fundamental” do seu trabalho em termos de análise, geometria e física matemática.

“As suas teorias revolucionaram a nossa forma de entender as superfícies mínimas, como a formada pelas bolas de sabão, e os problemas de minimização gerais em dimensões mais altas”, explicou o presidente do comité, Hans Munthe-Kaas. As técnicas e métodos de análise global desenvolvidos pela cientista fazem parte “da caixa de ferramentas de todo o geómetra e analista” e o seu trabalho é também a base de modelos geométricos contemporâneos aplicados em matemática e física.

O júri destacou ainda que Karen Uhlenbeck é “um modelo a seguir e uma firme defensora da igualdade de género no mundo das ciências e das matemáticas”.

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