Palcos da semana

Um Brasileiro, dois pianistas, uma festa, uma provocação e um "novo" grupo de teatro em destaque na agenda dos próximos dias.

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Silva Wilmore Oliveira/Divulgacão

Música
Brasileiro de Silva

A verdade faz-nos mais fortes

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Música
Brasileiro de Silva

Em 2012, um trovador e multi-instrumentista capixaba causou sensação com encontros felizes entre indie, pop e MPB num disco de estreia chamado Claridão. Foi visitando Portugal e agora regressa com aquele que é já o quinto: Brasileiro. Lançado no ano passado, é o seu disco com mais violão dentro. E sentido político. E uma certa redescoberta do cancioneiro do Brasil com percussão e sintetizadores à mão. Na ficha técnica, parcerias com Arnaldo Antunes, Ronaldo Bastos e Anitta. Silva vem tocá-lo numa digressão que, nalgumas datas, dá direito a sessões duplas. Boa parte já está esgotada – tal como as dezenas de concertos que deu antes no Brasil.

 

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Caricatura de Calouste Gulbenkian por André Carrilho

Comemoração
Em memória de um visionário

Música, arte, documentos, prémios e até um selo entram na celebração que a Fundação Calouste Gulbenkian preparou para o 150.º aniversário do nascimento do seu fundador. Para começar a festa, atribui os prémios do concurso Quem É Calouste?, uma chamada a jovens artistas para expressarem nos mais diversos suportes “o espírito visionário de Calouste Sarkis Gulbenkian”, numa gala rematada por música ao vivo do Collectif Medz Bazar. Segue-se o lançamento de um selo comemorativo e, depois, um concerto especial em que Coro e Orquestra Gulbenkian interpretam, com convidados, duas sinfonias: a Do Novo Mundo de Dvorák e a Coral de Beethoven. Vai também ser inaugurada Calouste: Uma Vida, Não Uma Exposição ou a resposta do curador Paulo Pires do Vale ao desafio de documentar a vida e obra do diplomata, empresário, filantropo e coleccionador de arte. Mais do que um conjunto de anotações biográficas, a exposição pretende ser “um percurso pela história de quem foi Calouste e do que deixou para as gerações seguintes”.

 

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Vijay Iyer e Craig Taborn Pawel Wyszomirski

Música
A quatro (grandes) mãos

Vijay Iyer tem-se destacado como poucos, tanto no que toca à composição como nos meandros da improvisação, sem preconceitos estilísticos. Craig Taborn, que também se move em vários campos, é conhecido sobretudo na cena electrojazz. São dois pianistas norte-americanos fora de série que se juntaram para The Transitory Poems, um disco que tem entusiasmado a crítica – “Os seus estilos fundem-se de tal maneira que se torna difícil distinguir um par de mãos do outro, como se uma criatura de quatro braços se tivesse sentado ao piano”, notou a Pitchfork – e que causa entusiasmo ainda maior quando se anuncia a tradução ao vivo, que Lisboa se prepara para testemunhar.

 

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A Boda (fotografia de ensaio) Bruno Simão

Teatro
Novas núpcias

É a “segunda aposta de um ‘novo’ grupo em formação”. Ou “o segundo movimento deste grupo no sentido da ‘emancipação'”. A afirmação vem d'Os Cornucopianos, actores do extinto Teatro da Cornucópia, a propósito da peça que agora levam à cena: A Boda, uma das primeiras do dramaturgo alemão Bertold Brecht, na tradução de Jorge Silva Melo e Vera San Payo de Lemos. Tal como na produção anterior do colectivo – A Morte de Tintagiles, de Maeterlinck –, é Ricardo Aibéo quem trata da encenação desta história que, a pretexto de uma festa de casamento, desenha toda uma observação crítica do comportamento humano em situações sociais.

 

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And so you see... Jerome Seron

Performance
And so you see...

Controversa, provocadora, intensa, desconfortável. A obra da coreógrafa sul-africana Robyn Orlin costuma trazer estas marcas. A peça And so you see… our honourable blue sky and ever enduring sun… can only be consumed slice by slice… não foge à expectativa. Politicamente carregada, é uma performance para pensar história, identidade e humanidade, de foco lançado à herança colonial e à sociedade pós-apartheid. A interpretação é de Albert Ibokwe Khoza, que encarna à vez, como se lê no texto de apresentação, “uma diva, um ditador, um sensualista”. Surge em danças de guerra, movimentos ritualizados e discursos; com facas e jóias como adereços; entre projecções de vídeo que o captam em tempo real e ângulos diversos; ou de rosto e corpo cobertos por uma película transparente e sufocante.