Trump quer países a pagar mais pela presença das suas bases militares

A estratégia “Cost Plus 50” pressupõe que os aliados que quiserem manter a presença militar americana terão de pagar pelo menos mais 50% do que pagam agora. Coreia do Sul já aceitou.

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Tropas americanas na Coreia do Sul Lee Jae-Won/Reuters

Os Estados Unidos estão a pressionar os aliados a pagar mais pela presença das suas tropas nos seus territórios e iniciaram nesta sexta-feira este plano de reforço financeiro com um primeiro acordo a Coreia do Sul.

O Governo de Seul e os EUA assinaram um pacto que determina um aumento do preço que os sul-coreanos pagam pela presença dos 28.500 soldados norte-americanos no país, ao mesmo tempo que refaz os planos de cooperação militar.

O acordo entre os dois países apenas foi conseguido após duras negociações e insere-se na estratégia “Cost Plus 50”, que os EUA começaram a pôr em prática e que pressupõe que os aliados que quiserem manter a presença militar norte-americana nos seus países terão de pagar pelo menos mais 50% do que pagam agora, e, em alguns casos, até cinco a seis vezes mais do que o valor actual.

No final das negociações com os sul-coreanos, os americanos avisaram que o acordo assinado (cujos valores ainda não foram revelados) tem a duração de um ano e que em 2020 a contribuição pela presença das tropas dos EUA pode voltar a aumentar.

A crítica do Presidente norte-americano, Donald Trump, de que os aliados não fazem suficiente esforço financeiro perante os compromissos de defesa internacional não é nova e começou durante a campanha presidencial de 2016.

Nessa altura, Trump prometeu que iria ser duro com os aliados, e, pouco tempo depois de ter tomado posse como Presidente, avisou que aumentaria a factura dos países que acolhem soldados norte-americanos.

As exigências do Presidente norte-americano estendem-se também ao esforço financeiro dos países aliados nas organizações internacionais.

Em Julho de 2018, durante uma cimeira da NATO em Bruxelas, Trump disse aos aliados que têm que aumentar o gasto em defesa até atingir os 2% do PIB, como inscrito no regulamento da organização.

Em Janeiro deste ano, na sua conta de Twitter, Trump dizia que Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, o tinha informado de que a organização tinha recolhido mais fundos do que alguma vez conseguira, devido à pressão norte-americana.

Nas últimas semanas, o Governo dos EUA começou a negociar com os aliados o valor a pagar sempre que acolhem bases de mísseis ou postos com soldados norte-americanos, visando países como a Coreia do Sul, a Alemanha ou o Japão.

A primeira etapa deste plano foi concretizada no convénio sobre presença de tropas norte-americanas na Coreia do Sul, depois de os EUA terem falhado um acordo de desnuclearização da Península Coreana, numa recente cimeira com a Coreia do Norte, no Vietname.

“Foi o resultado de um trabalho árduo e, por vezes, de entendimento difícil”, afirmou Kang Kyung-wha, ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, depois da assinatura do acordo de cooperação militar com os EUA.

Fontes do Governo norte-americano dizem que uma das próximas renegociações de contratos de acordo militar deverá ser com a Alemanha, cujo governo paga actualmente 28% dos custos pela presença de bases norte-americanas no seu território.

Os cerca de mil milhões de euros anuais do governo alemão poderão ser inflaccionados quando e se os EUA decidirem aplicar o plano “Cost Plus 50” que desenharam para reforçar a comparticipação dos aliados no esforço financeiro de defesa mundial.

As autoridades alemãs ainda não comentaram o assunto e o Pentágono limita-se a dizer que o plano ainda está a ser analisado internamente, antes de ser apresentado aos vários países aliados onde os norte-americanos têm presença militar.

Os Eua têm homens e bases em todo o mundo. Na Europa, e entre outros países, os EUA têm bases na Alemanha, Itália, Reino Unido, Espanha, Portugal e Polónia. Na Ásia têm também tropas no Japão e Singapura.  

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