Costa não quer Alentejo a "ver os comboios passar" com nova linha Sines-Caia

Governo adjudicou nesta segunda-feira a empreitada de construção de um dos troços da linha ferroviária de mercadorias que premitirá ligar o porto de Sines à rede europeia.

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António Costa em Redondo LUSA/ANTONIO PEDRO SANTOS

O primeiro-ministro, António Costa, considera "fundamental" que o Alentejo não fique a "ver os comboios passar" com a linha ferroviária do Corredor Internacional Sul Sines-Elvas (Caia) e defende a fixação de empresas na região. Trata-se de uma obra "absolutamente essencial" para "melhorar a competitividade externa" e a "coesão interna" do país, realçou nesta segunda-feira o chefe do Governo, em Redondo, no distrito de Évora, na cerimónia de adjudicação da empreitada de construção de um dos troços desta linha ferroviária de mercadorias.

Segundo António Costa, que já antes tinha ouvido o presidente da Câmara de Redondo, António Recto, a alertar para a importância de o projecto contribuir para o desenvolvimento da região e de os alentejanos não ficarem a "ver passar os comboios", esta linha ferroviária "é uma oportunidade" para "criar uma maior coesão interna".

"E é por isso que é fundamental que esta linha que atravessa toda esta grande planície alentejana não seja uma obra para que quem cá vive fique, como disse o senhor presidente, a ver os comboios passar", assinalou o primeiro-ministro.

Pelo contrário, defendeu, "tem de ser mais uma oportunidade para que as empresas aqui se fixem e possam ver nesta infra-estrutura uma melhor oportunidade de, instaladas no Alentejo, terem melhores condições de exportar para a Europa ou exportar para todo o mundo a partir do Porto de Sines".

"Aliança só tenho esta"

Após a sessão na vila alentejana, o primeiro-ministro foi questionado pelos jornalistas sobre o partido Aliança, presidido por Santana Lopes e cujo congresso fundador decorreu em Évora, neste fim-de-semana, mas António Costa limitou-se a apontar para uma das mãos e a responder: "Eu, aliança só tenho esta".

A cerimónia realizada hoje assinalou a adjudicação pela Infra-estruturas de Portugal (IP) da empreitada para a construção do novo troço Évora Norte/Freixo, o primeiro de três da ligação Évora Norte/Elvas, no Corredor Internacional Sul que vai ligar o Porto de Sines à fronteira do Caia, no concelho de Elvas.

A obra, numa extensão de 20,5 quilómetros e num valor de 46,6 milhões de euros, tem um prazo de execução de 540 dias e está inscrita no Programa Ferrovia 2020.

No discurso, o primeiro-ministro insistiu na importância de aproveitar o projecto para promover a coesão interna: "Basta olhar para o mapa para compreender que é difícil encontrar um sítio mais atractivo, mais bem servido de infra-estruturas para localizar a produção de bens para exportação" do que "todo o eixo servido por esta nova linha férrea". E, destacou António Costa, fruto da renegociação do Portugal 2020, "dos cinco mil milhões de euros que vão reforçar o financiamento para o investimento empresarial, 1700 milhões estão reservados" para os concelhos do interior.

Em termos da competitividade externa, acentuou, a nova linha ferroviária de mercadorias "vai potenciar a ligação do Porto de Sines à Europa", mas também "a da Europa ao Porto de Sines", permitindo reforçar a ligação de Portugal ao território europeu e ao mundo.

Reafirmando que esta é "a maior obra ferroviária" lançada em Portugal "nos últimos cem anos", o chefe do Governo também a considerou "essencial" para o país "dar prioridade efectiva à descarbonização da economia", no âmbito da mitigação das alterações climáticas. "Quando estamos a investir na ferrovia, estamos a retirar mil camiões das estradas e estamos a retirar muitas toneladas de CO2 da nossa atmosfera", frisou.

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