Jerónimo diz que PCP está a ser vítima de "intriga, calúnia, mentira e difamação"

Secretário-geral do PCP quis passar a mensagem de que o partido parte com "confiança" para as eleições, mas que "há perigos" à espreita no ano de três actos eleitorais.

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Jerónimo de Sousa encerrou o Encontro Nacional em Matosinhos LUSA/ESTELA SILVA

"Do que estávamos à espera? Eles nunca nos perdoarão por isto!" Foi com esta ideia que Jerónimo de Sousa arrancou aplausos no Encontro Nacional do PCP, que se realizou este sábado em Matosinhos. O secretário-geral do PCP quis unir o partido, depois de duas semanas a ser alvo de notícias polémicas, e apontou o dedo às "forças económicas e políticas" que, utilizando mesmo os meios "mais torpes", lançaram "campanhas de difamação e calúnia" contra os comunistas.

"Há muito que não se assistia a uma campanha de difamação e calúnia como a que foi lançada nos últimos dias. Não é sinal de força, mas de fraqueza que eles ostentam", disse. Em causa estão as notícias das últimas duas semanas, na revista Visão, na TVI e no Observador, sobre negócios do PCP com militantes do partido, incluindo com familiares de Jerónimo de Sousa. O secretário-geral do PCP não particularizou as notícias, mas referiu que o facto de terem sido histórias divulgadas num curto espaço de tempo mostra que se trata de uma campanha concertada. 

Referindo-se longamente ao assunto, Jerónimo viu uma intenção por detrás do que aconteceu: "O que pretendem, não olhando a meios, mesmo os mais torpes, é recuperar o espaço perdido graças ao PCP". "O que mais temem é o reforço da CDU", reafirmou, fazendo crer que, neste início de ano eleitoral, o PCP será um dos alvos preferidos para campanhas negras: "O que esperávamos? Batemos onde mais doeu aos interesses do grande capital. Estragámos-lhes os planos que tinham para os 1500 dias de continuação de politica queimada para poderem acabar com o resto do país nesse período". "Eles nunca nos perdoarão por isto".

No encerramento do encontro que preparou os comunistas para o ano eleitoral, Jerónimo de Sousa fez uma leitura do que se tem passado com o PCP. Para o secretário-geral, 2019 é um ano que representa um "quadro mais exigente e complexo", porque, uma vez que nos últimos três anos o PCP contribuiu para a solução de Governo, passou a entrar nos radares das "forças que representam os grandes interesses". E o que quer isto dizer? Que identificaram a CDU como "força motora dos avanços" e concluíram que é preciso tentar desacreditá-la através de "manobras de diversão e de engano". "Por trás de cada calunia lançada, de cada mentira difundida e difamação propagada, esconde-se a tentativa de silenciar a política alternativa que o PCP apresenta ao país", referiu.

A este estado das coisas ou como lhe chamou João Ferreira, o cabeça de lista da CDU às europeias, "a situação que vivemos", o PCP promete responder "como sempre fez": "Não nos deixaremos intimidar."

Confiança em 2019

Se por um lado colocou o partido nos radares das polémicas, o trabalho desenvolvido pelo PCP também dá a Jerónimo de Sousa esperança neste ano de três eleições, europeias, regionais da Madeira e legislativas. "Temos razões para encarar com confiança as batalhas eleitorais", defendeu. O comunista acredita que o eleitorado reconhece que muitas das medidas que foram tomadas só o foram porque o PCP puxou por elas. "Pode o PS tomar para si e enfeitar-se com os avanços que foram alcançados, que não pode desmentir que muito do que se alcançou começou por ter o seu desacordo, resistência e até oposição".

Não só de confiança se vestiu o discurso de Jerónimo que considerou também que há "perigos", embora até esses abram "a porta para a CDU e para o papel que PCP e PEV" têm assumido. E explicou: o combate a extremismos de direita e ao fascismo não pode ser feito com políticas de sempre. "Sim, há perigos, mas os perigos combatem-se com políticas para os povos", argumentou.

Como resultado, no fim do túnel, anteviu o líder comunista, está o objectivo eleitoral de um reforço para a CDU, já a começar nas eleições europeias de Maio. Eleições que, reiterou, o PCP vai encarar "com confiança, de cara levantada". "Porque tudo fizemos para servir o nosso povo e o nosso país".

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