Depois do frio extremo, vem aí uma Primavera antecipada nos EUA?

O frio intenso que assola o leste e o centro-oeste dos EUA já matou 29 pessoas. Meteorologistas prevêem que o frio dê lugar a um clima primaveril no início da próxima semana.

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As temperaturas extremamente frias que se fizeram sentir esta semana nos Estados Unidos já fizeram pelo menos 29 mortos e centenas de feridos, avançam os meios de comunicação norte-americanos. O vórtice polar lançou um manto de frio em 14 estados do Midwest, com as temperaturas a chegarem aos 40 graus Celsius negativos em alguns locais. Contudo, em algumas zonas do Dacota do Norte e do Sul, de Wisconsin e Minnesota, a sensação térmica alcançou mesmo os 56 graus negativos.

As causas ainda estão a ser investigadas, mas as autoridades acreditam que as mortes estão relacionadas com a exposição ao frio. Segundo o The New York Times, entre as vítimas está um aluno da Universidade do Iowa, Gerald Belz, 18 anos, encontrado morto no campus, na quarta-feira, e quatro homens encontrados congelados perto das casas em Illinois, Wisconsin e Michigan.

Em vários estados, oito pessoas morreram em acidentes rodoviários e outras quatro enquanto limpavam neve perto das suas casas ou ruas. Em Buffalo, um sem-abrigo foi encontrado morto numa estação de autocarros na manhã de quinta-feira. 

Os hospitais deram conta de uma enchente de pessoas, com queimaduras de frio e sintomas de hipotermia. Desde que o vórtice polar se instalou sobre os EUA, várias cidades bateram recordes de baixas temperaturas. Os termómetros chegaram aos -41 em Ponsford (Minnesota) e no Illinois aos -38 graus graus celsius, muito abaixo do recorde anterior de -27 graus em 1982. 

Ao longo da semana, as autoridades locais depararam-se com resgates difíceis e situações perigosas. A polícia de Illinois auxiliou mais de 1300 condutores num período de oito horas e a Guarda Costeira usou um aerobarco para resgatar sete pessoas presas numa cabana de pescadores no Lago Michigan, na baía de Sturgeon, em Wisconsin. Em Wheeling, Illinois, nove membros de uma família, incluindo uma criança de dois meses, foram hospitalizados por exposição extrema a monóxido de carbono depois de tentarem manter a sua casa quente com um grelhador a carvão e um forno, segundo relata o The New York Times.

Mudanças de temperatura repentinas 

Mas o frio intenso que assola o leste e o centro-oeste americanos deve transformar-se num clima de Primavera no início da próxima semana, dizem alguns meteorologistas. Apenas alguns dias depois, espera-se que as temperaturas subam até aos 26 graus celsius em algumas regiões. As subidas rápidas de temperaturas trazem, contudo, os seus próprios problemas: inundações de rios, rebentação de canos e a destruição inesperada de estradas.

Em muitos locais, como Chicago, a terceira maior cidade dos EUA e uma das mais afectadas pela vaga de frio (ganhou a alcunha de "Chibéria" durante esta semana), as temperaturas subiram acima de zero na manhã de sexta-feira, o que permitiu que muitos negócios voltassem ao activo e que as escolas e universidades reabrissem. 

"Deve ser uma diferença de quase 50 graus, parece Primavera", disse à Reuters um viajante que voltava do centro financeiro de Chicago para casa e que só estava a usar uma t-shirt. As temperaturas no Midwest devem chegar 10 graus celsius até segunda-feira porque o "ar frio vai ser empurrado para o Canadá", disse Bob Smerbeck, meteorologista sénior da Accuweather à mesma agência.

A subida de temperaturas deu às cidades e vilas a oportunidade de avaliar as mortes, ferimentos e danos provocados pela vaga de frio às infra-estruturas, edifícios e habitações.

O vórtice polar deveria ter sido mais frio

Segundo um artigo publicado na National Geographic, muitos cientistas têm-se concentrado numa possível solução para os invernos extremos num clima "aquecido pelo Homem" e explicam que os dados de diferentes estudos mostram uma tendência a longo prazo para que "as vagas de frio sejam menores, menos generalizadas e menos severas".

Essa tendência, diz a National Geographic​, são um sinal robusto do aquecimento global provocado pelos seres humanos. Segundo o relatório de 2017 da Climate Science, "a frequência de ondas de frio intenso (duração de quatro dias e a acontecer de um em cinco anos) atingiu o seu pico na década de 1980 e revelou níveis baixos recordes nos anos 2000". A extensão geográfica dos vórtices polares também diminuiu.

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