25 fotografias, nos 65 anos de Oprah

Oprah Winfrey tornou-se um fenómeno cultural e marcou para sempre a televisão norte-americana com o seu talk show, que passou em dezenas de países durante um quarto de século, antes de fundar o seu próprio canal de televisão.

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Não é raro que as lágrimas estejam associadas ao nome Oprah — do entrevistado, da entrevistadora e do espectador. Quando entrou na exposição dedicada ao percurso da Oprah e ao impacto que esta teve na cultura dos Estados Unidos, em Washington, no Smithsonian’s National Museum of African American History and Culture, a apresentadora que passou um quarto de século a emocionar audiências admite ter chorado ao ler o livro de visitas.

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Não é raro que as lágrimas estejam associadas ao nome Oprah — do entrevistado, da entrevistadora e do espectador. Quando entrou na exposição dedicada ao percurso da Oprah e ao impacto que esta teve na cultura dos Estados Unidos, em Washington, no Smithsonian’s National Museum of African American History and Culture, a apresentadora que passou um quarto de século a emocionar audiências admite ter chorado ao ler o livro de visitas.

Uma das mensagens fê-la lembrar-se de uma carta que recebeu em 1987 (nos primeiros anos do seu talk show), de um fã que lhe disse: “Ver-te a seres tu própria todos os dias faz-me querer ser mais como eu própria.”. “Fez-me chorar porque é o completar de um círculo”, conta, citada pela revista Smithsonian. “A [minha] intenção foi cumprida e era ser um espelho para que as pessoas se vissem a si próprias noutras pessoas e nas suas histórias; e, ao ver essas histórias, que outras pessoas fossem motivadas, inspiradas, encorajadas de uma forma que nos faz pensar que pudemos fazer mais e melhor na nossa vida”, continua.

A apresentadora norte-americana, que se tornou um autêntico fenómeno cultural, revolucionando a televisão e personificando o sonho americano, faz esta terça-feira 65 anos. Na fotogaleria, em cima, reunimos alguns dos momentos da sua carreira.

Oprah nasceu em 1954 no estado de Mississípi. Apesar de ter crescido num meio pobre, estudou numa das melhores escolas de Wisconsin (para onde se tinha mudado para viver com a mãe), graças ao facto de ser boa aluna e ao final da segregação nos Estados Unidos na década de 1960. Mais tarde, na adolescência, foi viver com o pai, em Nashville.

Segundo a Britannica, aos 19 anos, Winfrey começou a trabalhar como pivot num canal local da CBS, em Nashville. Depois de terminar o curso, tornou-se repórter e co-apresentadora num canal afiliado à ABC, em Baltimore; mas, no ano seguinte, acabou por se virar para o lado menos noticioso da televisão, tornando-se co-apresentadora de um programa matinal, People Are Talking.

Foi na década de 1980 que Oprah começou a afirmar-se na televisão norte-americana. Em 1984, mudou-se para Chicago para ser apresentadora de um talk show, que pouco tempo depois se passou a chamar The Oprah Winfrey Show e que mereceu-lhe, além de inúmeros prémios, um lugar nas televisões de costa a costa dos Estados Unidos. Esteve no ar durante 25 anos, entre 1986 e 2011 — ano em que fundou o seu próprio canal televisivo, OWN. Oprah distinguia-se pelo seu estilo intimista e a forma como provocava emoções — para não falar em momentos como a icónica entrega de carros à audiência.

Pelo caminho, deixou também uma marca no mundo do cinema como actriz, mas sobretudo como produtora. Entrou no filme de Steven Spielberg de 1985, A Cor Púrpura. Através da Harpo Films, a produtora que fundou em 1990, foi responsável por filmes como Beloved (1998), Debate Pela Liberdade (2007) e Selma: A Marcha da Liberdade (2014)​. Foi ainda produtora executiva de Precious (2009).

Escala mundial

Também no universo literário teve uma influência significativa através do clube de leitura que começou em 1996. Todas as semanas, online, Oprah anunciava os títulos que seriam discutidos no programa com convidados. Foi responsável pela subida de dezenas de livros ao top de vendas — desde clássicos como Anna Karenina a lançamentos de autores relativamente desconhecidos, como O Segredo, de Rhonda Byrne. Em 2000 lançou a sua revista, O, The Oprah Magazine.

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"A Million Little Pieces", de James Frey, foi um dos livros que disparou para o topo das vendas após ter ser escolhido para o clube de leitura de Oprah

Em 1998 co-fundou a Oxygen Media, com o objectivo de produzir conteúdo dedicado a mulheres. Entretanto, a influência do The Oprah Winfrey Show alargava-se à escala mundial. Quando em 2004 assinou um contrato para continuar no ar até à temporada de 2010/2011, o programa já passava em cerca de 212 estações nos Estados Unidos e em mais de 100 países (em Portugal passou pela SIC Mulher), de acordo com o site da Biography. Oprah esteve também na génese de outros programas de televisão de sucesso, como o Dr. PhilThe Dr. Oz Show, confirmando a sua influência em diversas áreas, assim como o efeito Oprah.

Apesar de ter tido alguma dificuldade em levantar voo, o canal de Oprah acabou por encontrar o seu caminho, em parte devido ao sucesso com programas de ficção, como The Haves and the Have Nots (criado por Tyler Perry em 2013), Greenleaf (2016) e Queen Sugar (2016). “Se soubesse que seria assim tão difícil, talvez teria feito outra coisa”, comentou Oprah em 2012, no programa CBS This Morning. Com o tempo, foi encontrando a sua audiência, sobretudo entre afro-americanos e particularmente entre as mulheres daquela comunidade, reproduzindo histórias relevantes para esta faixa demográfica. Em Junho do ano passado, Oprah anunciou que iria produzir conteúdo para a Apple, que se tem afirmado neste segmento — mantendo contudo o seu papel de CEO da OWN até 2025, de acordo com a Wired

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Em Janeiro de 2018, na segunda Marca das Mulheres, em Los Angeles , semanas após o marcante discurso de Oprah nos Globos de Ouro REUTERS/Patrick T. Fallon

Quando em Janeiro de 2017 Oprah subiu ao palco dos Globos de Ouro para receber o prémio de carreira Cecil B. DeMille, o seu discurso sobre a igualdade de género e o fim da opressão das mulheres negras mereceu-lhe duas ovações e levou várias vozes a pedir uma candidatura à Casa Branca para 2020. Apesar de a própria já ter dito, em mais do que uma ocasião, que não tinha intenção de concorrer à presidência, foi o suficiente para lançar um debate sério entre figuras políticas dos dois partidos. “Este frisson à volta de Oprah é um bom reflexo da desolação em que se encontra o Partido Democrata”, disse no Twitter Josh Holmes, ex-chefe de gabinete do líder da maioria republicana no Senado Mitch McConnell.