Escândalo de favorecimento de juízes em Israel: nomeações em troca de sexo

O “advogado mais poderoso” do país foi detido por unidade anti-corrupção. Era aliado da ministra da Justiça, que já negou irregularidades.

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A ministra da Justiça, Aylet Shaked, com Naftali Bennet, durante o lançamento do partido. O escândlo envolvendo as nomeações poderá atingi-la CORINNA KERN

O responsável da Ordem dos Advogados de Israel, Efraim Nave, foi detido por suspeita de ter procurado favorecer candidatos a juízes em troca de sexo. 

Em Israel, a Ordem dos Advogados não é apenas uma associação de regulação profissional: o seu líder tem um lugar permanente no painel de nove pessoas que nomeia os mais altos responsáveis do sistema judicial, explica o diário Ha'aretz, que o descreve como sendo "o advogado mais poderoso de Israel".

A jornalista Noga Tarnopolsky comentava no Twitter que “é muito difícil imaginar que a ministra da Justiça Ayelet Shaked não esteja implicada”. Tanto a ministra como a Presidente do Supremo foram ouvidas no âmbito da investigação, levada a cabo por uma unidade anti-corrupção.

Nave é suspeito de ter intercedido a favor de duas nomeações, de um homem e de uma mulher. A polícia pensa que poderá ter favorecido a mulher a troco de relações sexuais com ela (foi nomeada) e tentado favorecer o homem depois de ter tido sexo com a mulher dele (esta nomeação não se concretizou). As duas mulheres foram também detidas, diz o Jerusalem Post.

Nave está há quatro anos à frente da Ordem, e tem sido visto como um aliado político da ministra da Justiça, Aylet Shaked. Segundo o diário Ha’aretz, tem sido essencial no cumprimento de um objectivo da ministra: nomear mais juízes conservadores e religiosos.

A ministra e a presidente do Supremo negam qualquer irregularidade nas nomeações, dizendo que a investigação só diz respeito a duas nomeações num total de 334 feitas pelo organismo desde que Shaked é ministra. 

Neve chegou a convidar jornalistas do programa de investigação televisivo para um encontro com juízes, onde era visível, segundo a descrição do Ha'aretz, como estes o trataram com deferência com esperança de assegurarem o seu voto para serem promovidos.

Já esteve sob suspeita anteriormente, quando tentou fazer entrar uma mulher sem registo no país, alegando que a informação poderia servir a sua mulher no processo de divórcio.

O procurador-geral, Avichai Mandelblit, ter-se-á afastado do caso por ser amigo do suspeito. O procurador tem há meses uma decisão para tomar em relação à recomendação da polícia para acusar o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, em três casos em que é suspeito de corrupção. Netanyahu marcou, em Dezembro, eleições antecipadas (vão realizar-se em Abril), dificultando esta decisão.

A ministra da Justiça anunciou recentemente a saída do seu partido, o Casa Judaica, junto com o ministro da Educação Naftali Bennet, para formarem um novo partido, em que quereriam ter “paridade entre seculares e religiosos” – uma tentativa, segundo os analistas, de chegarem a mais eleitores, os seculares, antecipando uma queda de Netanyahu por causa da corrupção.

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