Antigo ministro israelita condenado por espiar para o Irão

Gonen Segev, que ocupou a pasta da Energia e Infraestruturas entre 1995 e 1996, confessou o crime de espionagem e foi condenado a uma pena de 11 anos de prisão.

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Segev terá sido recrutado na Nigéria em 2012 RONEN ZVULUN/EPA

Um antigo ministro israelita admitiu ter fornecido informações ao Irão, o maior inimigo de Israel, depois de ter sido recrutado na Nigéria e foi condenado a 11 anos de prisão. A pena resulta de um acordo e a maior parte da informação sobre o caso é classificada.

Os advogados de Gonen Segev congratularam-se por ter sido retirada a acusação inicial de traição e de o caso ter “regressado às suas proporções próprias”.

Segev foi ministro há já muito tempo – em 1995 e 1996 –, portanto qualquer informação que pudesse ter passado poderia já estar datada. Mas há algum impacto no facto de o Irão, o maior inimigo actual de Israel (e que está a crescer em poder, fortalecendo-se sobretudo na sua actuação na guerra na Síria), ter conseguido recrutar um antigo ministro.

Segev não é, no entanto, um antigo ministro qualquer, é uma personalidade mais conhecida por um episódio político e um criminal. 

Como deputado mudou o sentido de voto para aprovar os Acordos de Oslo, que criaram a Autoridade Palestiniana em 1993, e que eram um embrião para um futuro Estado palestiniano, e foi depois nomeado para o cargo de ministro no Governo de Yitzhak Rabin. Não foi, no entanto, reeleito.

Depois disso, reapareceu nas notícias em 2005, condenado por ter tentado fazer entrar 30 mil comprimidos de ecstasy da Holanda para Israel. Disse que pensava que estes eram M&M’s. Nessa altura Segev, que é médico, perdeu a licença para exercer medicina em Israel.

Quando saiu da prisão, foi viver para a Nigéria, e terá sido então, em 2012, que foi recrutado pelos iranianos. Terá passado “informação relativa ao sector energético, locais ligados à segurança de Israel e sobre responsáveis em instituições políticas e de segurança”, dizem os media israelitas.

A condenação de Segev surge numa altura em que Israel discute cada vez mais o papel do Irão na Síria, onde o regime de Bashar al-Assad se prepara para um cenário de pós-guerra depois de ter derrotado as várias forças rebeldes com o apoio da Rússia e do Irão, e que deixará a República Islâmica com uma enorme influência num vizinho de Israel (além da presença do Hezbollah, apoiado pelo Irão, no Líbano).

O especialista em segurança Chuck Freilich (antigo vice-conselheiro de segurança nacional em Israel; professor em Harvard, EUA, e Herzliya, Israel) comentava num artigo no diário hebraico Ha’aretz esta semana que “o Irão é o adversário mais sofisticado e perigoso que Israel alguma vez enfrentou”.

Segev ouvirá formalmente a sentença em Fevereiro, e a ordem de manter a informação classificada significa que não há mais pormenores.

Nos interrogatórios, no entanto, os media israelitas disseram que Segev tinha declarado que “queria enganar os iranianos e voltar a Israel como um herói”.

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