IndieJúnior, um “lugar” feito de cinema para pequenos, para graúdos e agora também para bebés

Entre 29 de Janeiro e 3 de Fevereiro, o festival infanto-juvenil volta ao Porto para uma terceira edição que se estende a novos espaços da cidade, para mais de quatro dezenas de sessões.

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O festival vai estrear Mary e a Flor da Feiticeira, do japonês Hiromasa Yonebayashi DR

É certo que o IndieJúnior Allianz é, por defeito de designação, um festival infanto-juvenil. Porém, à terceira edição, que tem por tema "o Lugar", a organização reforça a ideia de que a programação deste descendente do IndieLisboa, que este ano se realiza no Porto entre 29 de Janeiro e 3 de Fevereiro, é feita a pensar em públicos de todas as idades.

O cartaz do festival aguça a curiosidade do público infantil, que se entusiasma com a magia dos filmes de animação, abre portas a adolescentes, que descobrem que o cinema pode ir além dos blockbusters da Walt Disney ou da Pixar, e serve aos mais velhos de máquina do tempo para recordarem alguns clássicos da infância. E passará, a partir deste ano, com nova secção, a chegar também aos bebés. Cinema de Colo terá como protagonistas os animais, ou –​ como disse esta terça-feira de manhã no Rivoli uma das directoras do festival, Irina Raimundo, na conferência de imprensa de apresentação desta terceira edição – “os amigos preferidos dos bebés”.

Esta categoria está fora da competição. O objectivo é proporcionar um primeiro contacto com o cinema através de uma experiência num “ambiente imersivo e confortável” a esta fatia de público, que dificilmente conseguiria acompanhar o resto do programa. Para isso, o Auditório Isabel Alves Costa, no Rivoli – quartel general do IndieJúnior –, será adaptado através de uma cenografia de Marta Silva e Inês Costa, que transformarão o palco num espaço “acolhedor e confortável”.

Outra novidade é o alargamento do festival a outros espaços da cidade. O Rivoli continua a ser o epicentro do festival e o auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett mantém-se como palco da secção internacional, dividida entre curtas e longas-metragens. Este ano não há sessões no Cinema Trindade, mas passa a haver na Casa das Artes e no auditório da reitoria da Universidade do Porto.

Ao fim de três anos, também há um reforço do apoio monetário já assegurado pela autarquia no ano passado: em 2019, o valor duplica, de 2500 para 5000 euros.

Mantém-se a iniciativa Eu Programo um Festival de Cinema!, organizada em parceria com o Programa Paralelo do Teatro Municipal do Porto. No ano passado, alunos de três escolas seleccionaram parte dos filmes da secção internacional. Nesta edição, são quatro as escolas que participaram no processo: o Liceu Francês e a Escola Profissional Bento de Jesus Caraça (ambas no Porto), a EB JI dos Carvalhos (Gaia) e a Escola da Ponte (Santo Tirso).

Alguns dos alunos integrarão também um dos três júris do IndieJúnior; há ainda o do público e o oficial, composto por Wandson Lisboa, designer, Adélia Carvalho, escritora, e Jorge Prendas, músico.

Pontos altos

Dos filmes que vão ser exibidos ao longo dos seis dias deste IndieJúnior, Irina Raimundo destaca No Meu Quarto, documentário da israelita Ayelet Albenda que se debruça sobre o fenómeno mundial dos youtubers, e a estreia de Mary e a Flor da Feiticeira, do japonês Hiromasa Yonebayashi, um dos “discípulos” de Hayao Miyazaki. E, além das oficinas, sublinha o regresso de O Meu Primeiro Filme, “secção querida do festival” desde a primeira edição.

Mais uma vez, três personalidades da cidade escolhem o filme da sua infância. Este ano foram requisitados para o fazer e para estarem presentes no dia da sua exibição o geógrafo Álvaro Domingues, que apresentará Tempos Modernos (1937), de Charles Chaplin; a arquitecta Filipa Fróis Almeida, com Os Salteadores da Arca Perdida (1981), de Steven Spielberg; e a realizadora Luísa Sequeira, com História Interminável (1984), de Wolfgang Petersen.

Luísa Sequeira sublinha que não será este o filme da sua infância, por ter outros com os quais se identifica, além deste que se lembra de ter visto no Estúdio Foco, na Boavista, encerrado há vários anos. Porém, é um dos que a marcaram e terá um significado especial revê-lo: “É uma oportunidade que tenho de o voltar a ver em sala, agora com o meu filho”.

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