Portuguesa grava música em clarinete para novo filme co-produzido por Brad Pitt

Chama-se Virgínia Costa Figueiredo e foi para Los Angeles em 2003 para estudar, graças a uma bolsa da Gulbenkian. Vive na cidade desde então e o filme co-produzido pelo célebre actor americano não é caso único na sua lista de colaborações. Tem um projecto pedagógico em curso e um álbum pronto a sair.

Foto
Virgínia Costa Figueiredo Facebook

O novo filme co-produzido pelo actor norte-americano Brad Pitt, The Last Black Man in San Francisco, tem a participação musical da portuguesa Virgínia Costa Figueiredo, disse à Lusa a clarinetista radicada em Los Angeles.

A professora doutorada em clarinete gravou a música para o filme que será apresentado no festival Sundance a 26 de Janeiro.

A oportunidade surgiu como fruto do "networking com músicos e compositores" que é fomentado pela forte presença da indústria cinematográfica em Los Angeles, explicou Virgínia Costa Figueiredo, que vive na cidade californiana há 16 anos.

Com realização de Joe Talbot, The Last Black Man in San Francisco é produzido por Brad Pitt, Jeremy Kleiner e Dede Gardner, voltando a reunir os produtores responsáveis por Moonlight, vencedor do Óscar para Melhor Filme em 2017. É inspirado na história verdadeira de Jimmie Fails e conta ainda com os actores Jonathan Majors, Danny Glover, Thora Birch e Mike Epps.

"Los Angeles é uma cidade com uma indústria muito activa para músicos freelancers", afirmou a portuguesa, referindo que "há muito trabalho que não se encontra noutros sítios" e isso tem-se reflectido nas oportunidades. A clarinetista trabalha com empresas que "empregam músicos especificamente para fazer esse tipo de trabalho" e pretende aumentar esta componente da sua carreira.

No ano passado gravou música para filmes como Hator, de Ziyi Zheng, e o anime japonês Circus Sam, assim como para várias séries documentais. O dinamismo da indústria também a levou a participar no novo álbum de Alan Parsons, o primeiro desde 2004 e que será lançado no início deste ano. Em 2018, Virginia Figueiredo trabalhou ainda num álbum de Chance the Rapper.

A artista prepara-se para lançar um álbum próprio no final de Janeiro, Intuición, executado em clarinete e piano e inspirado em música folclórica da América Latina. Outro projecto que está em curso é a criação de um livro de instrução para alunos do ensino básico baseado em música popular portuguesa, "uma coisa que nunca foi feita", diz. Neste momento, Virgínia Figueiredo está a recolher as músicas "para depois transcrever como exercícios de aprendizagem de clarinete", tendo como alvo alunos nas escolas de Portugal e do Brasil.

Aos 39 anos, a artista portuguesa é professora na Pierce College, Cerritos College e Moorpark College e toca com a companhia Pacific Opera Project, cuja temporada vai começar em Fevereiro.
Presença regular nos eventos da comunidade portuguesa na Califórnia, em especial quando há performances musicais envolvidas, a clarinetista que chegou a Los Angeles em 2003 como bolseira de mestrado pela Gulbenkian, não põe de parte um regresso a Portugal "com a oportunidade certa", mas refere que até agora não surgiu nada que tivesse funcionado.

Virgínia Figueiredo acabou por ser a primeira portuguesa a obter um doutoramento em clarinete na UCLA (University of California, Los Angeles) e decidiu ficar na cidade porque "há mais oportunidades, definitivamente".

Sugerir correcção
Ler 1 comentários