Atum em perigo de extinção comprado por 2,7 milhões de euros

Atum de 278 quilos comprado em Tóquio. Comprador confessa que se excedeu: é "demasiado" peixe.

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O proprietário da cadeia de restaurantes japonesa Sushizanmai e a sua compra REUTERS
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Um cliente a admirar o atum de 278 quilogramas REUTERS

Foi na primeira venda do ano no tradicional leilão de Ano Novo, realizado no mercado de peixe de Tóquio, o maior do mundo, que foi quebrado um novo recorde: o proprietário da cadeia de restaurantes japonesa Sushizanmai​ pagou 2,7 milhões de euros por um atum rabilho de 278 quilogramas. 

Kiyoshi Kimura superou o seu próprio recorde ao pagar o dobro do que pagou em 2013 pela compra do peixe capturado na costa de Aomori, no norte do Japão. O preço é o mais alto registado no mercado central de abastecimento em Tóquio desde 1999, data desde a qual há registos.

Em declarações à agência Reuters depois da compra, o proprietário disse que o atum parecia saboroso e muito fresco, mas confessou achar que se excedeu e que o peixe era "demasiado". Kimura esperava que a compra lhe fosse custar​ entre "30 e 50 milhões de ienes" (entre 240 mil euros e 404 mil euros), "ou 60 milhões de ienes (485 mil euros) no máximo, mas acabou por custar cinco vezes mais".

Durante seis anos consecutivos, Kiyoshi Kimura bateu o recorde do valor mais alto pago por um único peixe, mas em 2018 o proprietário de uma cadeira de restaurantes concorrente conseguiu ultrapassá-lo. 

O evento que teve lugar este sábado foi o primeiro leilão de Ano Novo do mercado de Toyosu, que substituiu o famoso mercado de Tsukiji, que fechou.

Atum a desaparecer dos oceanos

A procura global por atum em lata para ser utilizado em sushi e sashimi fez com que o peixe seja cada vez mais valorizado, mas trouxe mais concorrência aos pescadores e levou à pesca excessiva.

Já em 2007, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) avisava que o atum estava a desaparecer dos oceanos e que as suas reservas comerciais poderiam vir a extinguir-se em apenas um ano no Mediterrâneo e noutras zonas.

Em 2017, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) alertava, através da sua lista vermelha, que mais de 25 mil animais e plantas estão em perigo de extinção e que vão deixar de existir até 2050, muitas delas afectadas pela acção humana. 

O atum rabilho faz parte da lista. Este peixe é mais característico dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico e corre o risco de extinção devido à sobrepesca. Se a sua exploração continuar no mesmo ritmo a espécie poderá desaparecer: o stock disponível caiu mais de 85% em menos de 40 anos (1973-2009).

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