“Mercado de Inverno” ditará se a AS Roma era o adversário ideal

Longe da boa forma exibida na última época, o rival do FC Porto na Liga dos Campeões vai reforçar-se em Janeiro e entre os alvos estão jogadores portistas

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LUSA/ANGELO CARCONI

A vitória no Grupo D colocava os favoritos à conquista da Liga dos Campeões – Barcelona, Real Madrid e Manchester City, por exemplo – fora da rota do FC Porto nos oitavos-de-final, mas à medida que o antigo internacional espanhol Luis Garcia foi retirando as bolas do pote dos cabeças de série, os rivais mais inconvenientes (Atlético de Madrid, Tottenham e Manchester United) dos “dragões” foram ficando fora de hipótese. Entre as últimas três possibilidades estava, porém, a reedição dos “oitavos” da última época contra o Liverpool, cenário pouco apetecível para os portistas mais sensatos, que, por isso, não terão deixado de esboçar um sorriso de alívio quando Garcia anunciou que o adversário do FC Porto será a AS Roma

Após uma fase de grupos quase perfeita, na qual Sérgio Conceição conseguiu a proeza de igualar os 16 pontos alcançados por António Oliveira em 1996-97 – o treinador do FC Porto era então um dos jogadores do plantel “azul e branco” -, os actuais campeões portugueses terão pela frente um dos três adversários teoricamente mais acessíveis. A par do Lyon e do Ajax, a AS Roma era um dos rivais menos cotados entre os sete que podiam ter calhado em sorte ao FC Porto e a época pouco convincente que os “giallorossi” estão a realizar é mais uma das incógnitas que parece colocar a resolução da equação dos “oitavos” ao alcance de Conceição.

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Após ter sido a equipa-sensação da última edição da Liga dos Campeões, onde venceram um grupo onde estavam também o Chelsea e o Atlético de Madrid, e onde afastaram nos quartos-de-final o Barcelona, conseguindo dar a volta à eliminatória na capital italiana após perderem na Catalunha por 4-1, os romanos, na segunda época de Eusebio Di Francesco como treinador dos “giallorossi”, têm sido uma das desilusões na Serie A e perderam de forma clara os dois confrontos no Grupo G frente a um combalido Real Madrid.

A 22 pontos da Juventus ao fim de apenas 16 jornadas – os romanos concluíram os 38 jogos da última Serie A a 18 pontos da "vechia signora” -, o decréscimo de rendimento da AS Roma em relação à temporada anterior pode explicar-se pela perda de qualidade do meio-campo romano e a ausência de um dos melhores guarda-redes do mundo: o internacional brasileiro Alisson, transferido para o Liverpool por 75 milhões de euros.

Se para o lugar de Alisson chegou a Roma o gigante sueco Robin Olsen, que não tem a qualidade do brasileiro, no meio-campo Di Francesco ficou sem dois dos seus pilares em 2017-18: o belga Radja Nainggolan, que se mudou para o Inter, e o holandês Kevin Strootman, transferido para o Marselha por 25 milhões. Para os lugares dos dois internacionais, o rival do FC Porto reforçou-se com o ex-benfiquista Bryan Cristante, o argentino Javier Pastore, o francês Steven Nzonzi e o jovem Nicolò Zaniolo, mas a inconsistência da equipa, que se tornou ainda mais óbvia após a lesão de Daniele De Rossi no final de Outubro – o capitão romano está apto para regressar à competição –, levou Di Francesco, que já começa a ser contestado pela influente “curva sul” do Estádio Olímpico, a procurar soluções tácticas alternativas.

Na primeira época em Roma, o treinador dos “giallorossi” privilegiou quase sempre o 4x3x3, com um quarteto defensivo formado por Florenzi, Fazio, Manolas e Kolarov; De Rossi, Nainggolan e Strootman no meio-campo; e Dzeko no centro do ataque, apoiado por dois extremos - Cengiz Under, Perotti ou El Shaarawy. Esta temporada, embora Nzonzi seja um bom reforço, a perda de consistência no sector intermédio forçou Di Francesco a apostar com maior frequência no “coelho” táctico que tirou da cartola a 10 de Abril deste ano, quando colocou o Barcelona fora da “Champions” com um triunfo por 3-0, em Roma: uma defesa a três (Fazio, Manolas e Juan Jesus) e dois jogadores fixos na área do adversário (Dzeko e Schick). Porém, em 4x3x3 ou em 3x5x2, Di Francesco tem tido muitos problemas para resolver desde o início desta época – a AS Roma apenas ganhou um dos primeiros seis jogos oficiais de 2018-19.

No entanto, se hoje, em teoria, os italianos parecem ser um rival ao alcance do FC Porto, a 12 de Fevereiro, quando os “dragões” jogarem a primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões no Estádio Olímpico, a realidade pode ser diferente. O espanhol Monchi, director desportivo que a AS Roma foi buscar ao Sevilha no início da época passada, assumiu que a equipa da capital italiana terá que reforçar-se no “mercado de Inverno” e dois dos alvos dos romanos jogam precisamente no Dragão: Herrera e Brahimi.

O mexicano e o argelino estão em final de contrato e o mês de Janeiro será a última oportunidade que os portistas terão para fazerem algum encaixe financeiro, mas se há um ano os jogadores estavam impedidos pelos regulamentos de representarem dois clubes diferentes na mesma competição europeia, a partir de 2019 a UEFA permite que os clubes inscrevam em Janeiro, na sua lista da Liga dos Campeões, três atletas que já tenham participado na actual edição da prova por outro clube. Isto abre a hipótese de, embora seja pouco plausível que Pinto da Costa esteja disponível para reforçar a concorrência directa, a 5 de Março Herrera e Brahimi entrarem no Estádio do Dragão como adversários do FC Porto.

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