Para o secretário-geral do PSD é pelo "exemplo” que se chega à "credibilidade"

José Silvano, como "homem honrado", espera que a justiça se pronuncie sobre o seu caso de falsas presenças no Parlamento.

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José Silvano Paulo Pimenta

Para uma plateia que costuma ser frequentada por empresários, o secretário-geral do PSD escolheu falar da organização interna e funcionamento de um partido, defendendo que esta tem de ser exemplar como forma de reflectir “a credibilidade” do líder. José Silvano foi o convidado do almoço-debate do International Club of Portugal, onde estiveram dois vice-presidentes do PSD, o líder da bancada parlamentar mas apenas meia dúzia de deputados.

A ideia já não é nova – faz parte da mensagem da direcção de Rui Rio desde há meses –, mas foi reforçada. “Só podemos passar uma imagem para fora, se dentro da nossa casa também temos credibilidade, chama-se política do exemplo”, explicou José Silvano no púlpito da sala do hotel onde decorreu a iniciativa, depois de ser apresentado aos participantes como alguém que fez todo o percurso partidário desde o cargo de líder de concelhia.

Como é que esse caminho da transparência e da nova militância foi traçado pela direcção de Rui Rio? Primeiro, disse Silvano, com a criação do Conselho Estratégico Nacional, órgão que já tem “duas mil pessoas a trabalhar” por todo o país em vários temas. Em segundo lugar, com medidas para acabar com vícios de militância: o pagamento de quotas vai ser feito através de uma referência multibanco encriptada, para evitar os pagamentos em massa; e a filiação no PSD passa a poder ser requerida online, a partir de Fevereiro, para contornar eventuais vetos de gaveta nas secções locais.

“A nossa preocupação é a credibilidade. Se o líder tem credibilidade, temos de adaptar o partido a essa credibilidade, senão nada bate certo. A mensagem pode demorar mais tempo, mas estamos convencidos que, em tempo ainda, as pessoas vão perceber este movimento”, afirmou, durante a sua intervenção, perante os vice-presidentes do PSD Elina Fraga e Castro Almeida, bem como alguns deputados, entre os quais Emília Cerqueira.

No final do almoço-debate foi confrontado pelos jornalistas com a sua defesa da credibilidade e o facto de ser protagonista de um caso de falsas presenças no Parlamento. “Um homem honrado e credível como eu quer que instituições da justiça digam em concreto o que têm a dizer sobre o meu caso, e não essas generalizações”, respondeu. Questionado sobre se defende a consagração de sanções para penalizar casos como o seu, o dirigente do PSD foi peremptório no apoio a essas penalizações – até a “expulsão” –, desde que se distinga os dois registos informáticos, o das presenças em plenário e o de acesso ao computador para outros fins.

José Silvano aproveitou o seu discurso para pôr em cima da mesa algumas das alterações que o PSD quer fazer à lei do financiamento dos partidos: a desmultiplicação dos números de contribuinte para campanhas autárquicas (como forma de as dívidas não serem cobradas à sede do partido); a criação de uma espécie de IVA de caixa para os partidos; e um controlo mais apertado sobre os fundos das candidaturas independentes. O PSD não quis apresentar já uma proposta fechada, para tentar “consensualizar” um texto com os restantes partidos.

A todo o pacote de alterações internas o secretário-geral chamou-lhe “mudar a mercearia”. E deixou uma mensagem de resistência quanto aos obstáculos gerados pela mudança: “Não se mete nisto quem não tem capacidade e resiliência para levar isto até ao fim”.

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