Falta um mês para Hells Angels serem libertados. MP pede mais tempo para investigar

Investigadores querem recolher mais provas, quer através de mais escutas quer através de novas buscas e interrogatórios.

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Reuters/Kai Pfaffenbach

O Ministério Público quer mais tempo para investigar o caso dos motociclistas Hells Angels, que conta já com 66 arguidos.

No início deste mês, quando faltava um mês e meio para serem libertados os 39 suspeitos que se encontram presos preventivamente ou em prisão domiciliária, o procurador responsável pelo inquérito pediu à juíza de instrução criminal para declarar a especial complexidade do caso. O que, a acontecer, fará com que seja possível manter a prisão preventiva dos arguidos por mais seis meses, ou seja, até ao Verão, e prosseguir a investigação, que está longe de estar terminada.

Tudo remonta a Março passado, quando uma rixa num restaurante do Prior Velho, em Loures, fez seis feridos, três dos quais graves. Munidos de armas brancas, mas também de tacos de basebol, os Hells Angels espancaram membros dos rivais Red & Gold, liderados pelo ex-líder skinhead Mário Machado. Para a Polícia Judiciária, o episódio marcou um ponto de viragem: foi a primeira vez que um grupo criminoso com cerca de uma centena de indivíduos se juntou para "eliminar a concorrência" em actividades ilícitas. Os dois grupos poderão ter tentado disputar negócios ligados ao tráfico de droga e armas e ainda ao exercício de segurança privada.

Além das tentativas de homicídio, que não ocorreram exclusivamente entre os membros dos dois gangs, estão em causa suspeitas de associação criminosa, roubo, ofensa à integridade física, lenocínio, extorsão e tráfico de estupefacientes. O ramo português dos Hells Angels é visto como “uma estrutura criminosa, constituída por indivíduos extremamente perigosos, com vastos antecedentes criminais e larga experiência na área da criminalidade violenta e organizada." Nascidos na Califórnia há 70 anos, os Hells Angels  estão presentes em todo o mundo, tendo sido proibidos nos últimos anos em vários pontos da Alemanha. O Departamento de Segurança norte-americano classifica-os como organização criminosa.

O inquérito conta já com 26 volumes e 74 apensos, mas os investigadores querem ainda proceder à recolha de mais provas, quer através de mais escutas quer através de novas buscas e interrogatórios. Nem sequer foram ainda identificados todos os presumíveis membros do grupo. Por outro lado, ainda não estão prontas as perícias necessárias às armas de fogo, computadores e aos telemóveis apreendidos até agora. Alguns arguidos possuíam mais de um aparelho, como é normal neste tipo de criminalidade. Vai ser preciso também analisar ainda as centenas de folhas soltas, cadernos e dossiers apreendidos.

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