O peixe fica cá

Eis uma ideia genuinamente sustentável: que tal nós portugueses comermos apenas o peixe que pescamos? Há falta de variedade? Não, não há. Dependermos de nós próprios é sempre uma boa ideia.

Se eu mandasse em Portugal proibiria que se exportasse o peixe que pescamos. Ficava todo para nós. Afinal os peixes foram pescados nas nossas águas e somos nós que temos o direito de comê-los.

A primeira consequência deste bloqueio seria o reaparecimento nos nossos mercados de todos os peixes de grande qualidade que vão de avião para os países mais ricos.

O Japão que se amanhe sem os nossos atuns, a Espanha que coma o peixe que pesca (tem a maior frota de pesca da Europa) e os Estados Unidos que comam douradas e pregados de viveiro.

Portugal continuaria a importar peixe de outros países? Claro. Mas se os outros países deixassem de nos vender peixe - uma represália justa - nós até nos governaríamos, muito obrigado.

É que temos uma costa formidável cheia de bom peixe. Eis uma ideia genuinamente sustentável: que tal nós portugueses comermos apenas o peixe que pescamos? Há falta de variedade? Não, não há. Dependermos de nós próprios é sempre uma boa ideia.

Os preços do peixe baixariam drasticamente e já não seria necessário comer tanto peixe de viveiro. As pessoas mais pobres poderiam comer peixe selvagem todos os dias.

Eu ainda me lembro de Portugal ser assim: o peixe era quase todo barato e o que era caro e raro era a carne, ao ponto de haver idiotas possidónios que se gabavam de comer bife todos os dias.

Também proibia a destruição do peixe. O peixe que não se vendesse no primeiro dia seria congelado e oferecido a quem não tivesse acesso a ele.

Dir-me-ão que é pouco prático. Eu cá acho que não.

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