O serviço de transporte público de Matosinhos continuará a contar com a Resende

Após avanços e recuos, Resende fechou negócio com o grupo Barraqueiro para criação de nova sociedade e nova marca – a Maré.

Foto
Hugo Santos / Publico

Chama-se Maré e circulará a partir do próximo ano em Matosinhos, cobrindo as 22 linhas que até ao final de 2018 continuarão a ser responsabilidade da operadora de transporte colectivo Resende. O negócio está fechado. Cabe agora à Autoridade de Mobilidade e Transportes (AMT) prorrogar a concessão.

A operação da empresa de transportes matosinhense que detém a concessão de 60% das carreiras de transporte de passageiros no concelho com ligações ao Porto, Maia, Gondomar e Valongo tem sido marcada por um vasto historial de incidentes. A autarquia já tinha afirmado não existirem condições para renovar a concessão. Ao mesmo tempo, alguns concelhos vizinhos abrangidos pelo serviço subscreviam a intenção deste município.

Nos últimos meses, foi encetado um processo de negociações entre a autarquia, um dos maiores operadores de transporte público a funcionar em Portugal e a empresa que continuará a operar até ao final do ano. Nem sempre pacífico, depois de alguns altos e baixos, tendo mesmo a Resende estado perto de recusar uma fusão, o negócio está finalmente fechado.

Pelo que o PÚBLICO conseguiu apurar, a solução encontrada passa por manter a empresa dentro do negócio, ainda que na semana passada estivesse perto de afastar do mesmo. Nos últimos dias foi constituída uma sociedade detida pelas duas transportadoras envolvidas. A ViaMove, nome da nova empresa, é detida em 49% pela Resende e em 51% pelo Grupo Barraqueiro.

Apesar do nome escolhido para registar a sociedade, a marca do serviço terá outra designação. Chamar-se-á Maré e ficará responsável pelo serviço entregue até agora à Resende. Como já acontecia com esta última operadora, a nova estará integrada na rede Andante.

Futuramente, prevê-se que sejam criadas novas linhas ao serviço que actualmente conta com 22, ligando Lavra e o Pólo Empresarial onde está situado o IKEA e o Mar Shopping, com extensão ao Metro; a Via Norte a todos os importantes pólos empresariais nas imediações desta artéria; Leça da Palmeira ao Metro na Senhora da Hora, passando pelos grandes parques de estacionamento gratuitos no centro de Matosinhos. Pretende-se ainda criar uma linha entre o Aeroporto Sá Carneiro e a Senhora da Hora, passando pelas zonas do coração do território municipal com escassez ou ausência de oferta de transportes públicos.

Estabelecido no negócio fica ainda que a nova empresa funcionará nas instalações da Resende e que numa fase inicial a frota em circulação será a que pertence à operadora matosinhense, sendo que as viaturas que apresentem problemas que as impeçam de circular não sairão da garagem. Todos os autocarros serão adaptados à imagem da nova marca. Os funcionários da Resende também transitarão para a nova empresa.

Contactada pela PÚBLICO, a câmara remeteu qualquer esclarecimento para as próximas semanas, altura em que será feita comunicação oficial. Com o grupo Barraqueiro não conseguimos chegar à conversa.

A administração da Resende confirma-nos que o negócio está fechado. A empresa sublinha que esta solução não põe em causa qualquer posto de trabalho nem o funcionamento do serviço.

A empresa matosinhense opera no concelho há cerca de 40 anos e acumula um longo historial de incidentes. Em pouco mais de um ano, pelo menos quatro autocarros pegaram fogo em serviço. O último incendiou na semana passada, em Valongo, na sexta-feira de manhã. O autocarro circulava com passageiros no interior, que saíram ilesos porque o motorista se apercebeu rapidamente do fogo.

Em Junho de 2016, a câmara de Matosinhos, a Área Metropolitana do Porto e a Resende, no seguimento da entrada em vigor do regime jurídico do serviço público de transporte de passageiros, reuniram-se para serem traçadas as condições e regras para a empresa poder operar até ao final do ano de 2019, altura em que o resultado do concurso global para atribuição das concessões de transportes nas diferentes autarquias deve estar terminado.

Em Outubro do mesmo ano, o despiste de uma camioneta frente ao mercado de Matosinhos deu origem a uma morte. É na sequência deste incidente que são accionadas medidas para que a concessão da Resende não fosse prolongada além de 2018.

Sugerir correcção
Comentar