Morreu Pete Shelley, líder dos históricos Buzzcocks

Desapareceu, aos 63 anos, uma das maiores figuras do punk. Os Buzzcocks pegaram na energia do punk e injectaram-lhe doses generosas de sabedoria pop.

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Pete Shelley com os Buzzcocks no Shepherds Bush Empire, Londres, em 2009 Wikimedia Commons

Morreu Pete Shelley, vocalista, guitarrista e líder dos Buzzcocks, uma das mais relevantes e influentes bandas da primeira vaga do punk rock inglês. Peter McNeish, o seu verdadeiro nome, tinha 63 anos e terá morrido de ataque cardíaco, avança a BBC.

O agenciamento da banda, formada em Bolton, na Grande Manchester, em 1976, disse à BBC que Shelley faleceu esta quinta-feira na Estónia, onde vivia.

Canções como Ever fallen in love (with someone you shouldn't've) ou Orgasm addict revelaram uma banda inspirada pela energia crua do punk, mas com um apuro pop que contemporâneos como os Sex Pistols rejeitavam. Foi, contudo, depois de verem os Pistols ao vivo que Shelley e Howard Devoto decidiram fundar a banda. E seria como grupo de abertura da banda de Johnny Rotten e Sid Vicious que os Buzzcocks se estreariam ao vivo, em Manchester, em Julho de 1976.

"As letras ora engraçadas, ora angustiadas de Shelley sobre a adolescência e o amor foram algumas das melhores e mais espertas da sua era; igualmente, as melodias dos Buzzcocks e os seus ganchos eram concisos e memoráveis", refere o site especializado AllMusic.

Antes dos Buzzcocks, Shelley tocou guitarra em bandas de heavy metal de que não reza a história. Na universidade, conheceu a música electrónica (depois dos Buzzcocks, experimentaria a solo com teclados e ritmos maquinais – ouça-se a canção Homosapien, de 1981), os Stooges e os Velvet Underground.

O EP de estreia Spiral Scratch (1977, editado pela New Hormones) foi o primeiro álbum lançado de forma independente da era punk – o que inspirou um batalhão de artistas que tomariam as rédeas do processo criativo e de distribuição nos anos vindouros.

“O punk é apenas uma ideia que levou as pessoas a fazer muitas coisas diferentes. Para mim foi fazer música. Mas é tão relevante como ideia agora do que na altura. É uma ideia revolucionária. O sonho americano ainda pode inspirar as pessoas. O punk pode inspirar as pessoas a serem criativas, a serem participantes activos em vez de consumidores passivos”, disse à Pitchfork em 2009.

Com a saída de Howard Devoto (formaria os Magazine), Shelley assumiu o papel de vocalista principal dos Buzzcocks. Another Music in a Different Kitchen (1978), o primeiro álbum, é uma colecção de canções imaculadas (What do I get?, I don’t mind e os seus maravilhosos coros, a cavalgada eléctrica de Autonomy), entre a excitação punk e a melodia da pop.

Tensões na banda e conflitos com a editora EMI ditariam o fim da banda, em 1981. Shelley iniciou de imediato uma carreira a solo, entre a new wave e a pop de sintetizadores. Os Buzzcocks voltariam à vida em 1989 e lançariam em 2014 o último álbum, The Way.

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