Defesa é um dos esteios da soberania, diz Gomes Cravinho

Ministro participou nas cerimónias evocativas do 1º de Dezembro, nas quais Fernando Medina alertou para os nacionalismos agressivos e os populismos.

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LUSA/HUGO DELGADO

O ministro da Defesa Nacional manifestou este sábado o desejo de "actualização e transformação das Forças Armadas" para combater o "enorme défice de conhecimento" da sociedade sobre aquela organização. João Gomes Cravinho falava na cerimónia de celebração da Restauração, nos Restauradores, em Lisboa. "Enquanto expressão dos valores nacionais, salvaguarda da vontade popular e garante último da soberania, a Defesa Nacional constitui um dos esteios da identidade portuguesa", afirmou.

O ministro lamentou o "enorme défice de conhecimento e de compreensão do papel das Forças Armadas, que só pode ser ultrapassado com um debate amplo e inclusivo sobre os caminhos a prosseguir, no actual contexto internacional de grande incerteza".

"Há uma vontade clara do Governo português, e em particular do Ministério da Defesa, de apostar na actualização e transformação das Forças Armadas para que estejam devidamente habilitadas a corresponder aos desafios com que nos confrontamos, e este processo requer um conhecimento mais amplo na sociedade portuguesa sobre a Defesa Nacional e o contributo que ela dá à salvaguarda da soberania nacional", disse.

Segundo Gomes Cravinho, "os investimentos" perspectivados para as Forças Armadas" garantem precisamente a interoperabilidade, a flexibilidade, a adaptabilidade e o duplo ou multiuso, respondendo simultaneamente a compromissos e interesses internacionais de Portugal e a missões de benefício para a população portuguesa".

"A presença de Portugal nas organizações regionais e internacionais que suportam a segurança colectiva - falo aqui da NATO, mas também da União Europeia e da própria CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa] - tem de ser entendida como um contributo fundamental para promoção de uma visão de segurança humana, que coloca as pessoas em primeiro lugar. Simultaneamente, essa presença significa também uma responsabilidade partilhada pela definição e o combate às ameaças comuns que enfrentamos", continuou referindo-se aos destacamentos nacionais na República Centro Africana, Afeganistão ou Lituânia.

Por seu lado, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, alertou para os "nacionalismos agressivos e populismos" que ameaçam os "valores fundamentais" e "princípios constitutivos" dos "portugueses, europeus e cidadãos do mundo".

Na homenagem aos heróis do 1º de Dezembro, Medina reafirmou os "grandes ideais da liberdade, do progresso, da solidariedade e da paz", alertando para uma "Europa, em que a mistura explosiva dos nacionalismos agressivos e dos populismos violentos ameaça" os "valores fundamentais" das sociedades democráticas.

No seu discurso, o presidente da Câmara salientou ainda que "Lisboa é hoje, mais do que nunca, uma cidade universal, onde diariamente convivem pessoas de todas as origens, nacionalidades, culturas, costumes, religiões".

"Façamos da capital de Portugal um símbolo vivo, dinâmico e criativo desse universalismo sem o qual o futuro fica ameaçado. Façamos de Lisboa um exemplo activo de descoberta e troca, de curiosidade pelo outro e de abertura ao mundo, de convivência e de tolerância", desejou, a fim de reforçar, afirmar e renovar a identidade portuguesa "patrioticamente".

Na cerimónia, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, depositou coroas de flores junto ao monumento dos Restauradores. Antes de Gomes Cravinho e de Medina, tinham discursado o coordenador do Movimento 1º de Dezembro de 1640, Ribeiro e Castro, e o presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, Alarcão Troni.

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