Oni e Nowo vão despedir mais de 50 pessoas

As operadoras de telecomunicações que já pertenceram à Altice, e hoje são controladas pela gestora de fundos norte-americana KKR, vão avançar com o despedimento colectivo de mais de 50 pessoas.

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A Nowo tem uma dívida de quatro milhões de euros à Sport TV que já levou ao corte do serviço SEBASTIAO ALMEIDA

O novo accionista da Oni e da Nowo (a antiga Cabovisão) pôs em marcha um despedimento colectivo, numa altura em que as empresas dão sinais de dificuldades financeiras que levaram ao corte do serviço da Sport TV à Nowo por falta de pagamento e à apresentação de um pedido de insolvência da Oni por parte da Altice.

A operadora de telecomunicações empresariais e a operadora de televisão por cabo, presididas desde Janeiro por Miguel Venâncio, anunciaram internamente na quinta-feira que vão dispensar cerca de meia centena de trabalhadores. Contactada, fonte oficial do grupo que reúne as duas empresas explicou que não serão feitos comentários nesta fase.

O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV), Manuel Gonçalves, confirmou entretanto ao PÚBLICO que o sindicato "está a acompanhar a situação", tal como acompanhou os despedimentos na antiga Cabovisão, quando a empresa era da Altice. Em causa estão "mais de 50 pessoas", adiantou.

A Nowo e a Oni foram vendidas pela Altice à gestora de fundos de private equity francesa Apax em 2015, para que a empresa de Patrick Drahi e Armando Pereira pudesse concluir a compra da Meo. Contudo, a Apax acordou recentemente a transmissão do controlo destes activos, agrupados na sociedade luxemburguesa Cabolink, à KKR, outra gestora de fundos norte-americana. Fontes ouvidas pelo PÚBLICO explicaram que a KKR fez recentemente uma injecção de capital nas empresas e que terá assumido o controlo destes activos em virtude de dívidas existentes da Apax.

Foi precisamente por causa de uma dívida da Oni que a Altice avançou este ano com um pedido de insolvência da operadora de comunicações empresariais, a quem presta um serviço de operadora móvel virtual (na prática, a Oni oferece um serviço de comunicações móveis em cima da rede da Meo).

Recentemente, o presidente da Altice, Alexandre Fonseca, revelou à margem da Web Summit que metade da dívida (em torno de oito milhões de euros, segundo o Eco) já foi paga e que, por isso, o pedido de insolvência seria retirado.

Outra situação complicada diz respeito à Nowo. No início de Novembro, a Sport TV – detida em partes iguais pela Olivedesportos, de Joaquim Oliveira, Nos, Meo e Vodafone – cortou o serviço à Nowo, impedindo-a de continuar a oferecer estes conteúdos aos seus clientes. Em causa está uma dívida de quatro milhões de euros da operadora de cabo à empresa liderada por Nuno Ferreira Pires.

Além disso, a Nowo também está envolvida num braço-de-ferro com as três operadoras que são accionistas da Sport TV por causa da transmissão dos conteúdos da Eleven Sports. As empresas queixam-se que os preços das propostas comerciais desta sua concorrente estão fora da realidade do mercado português. “Uma coisa é negociar conteúdos, outra é fazer especulação com conteúdos para resolver situações patrimoniais”, afirmou mesmo Alexandre da Fonseca, que já foi presidente da Oni, antes da compra da PT pela Altice.

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