Governo: "Não faz nenhum sentido dizer que estamos a querer desprestigiar os bombeiros voluntários"

Secretário de Estado diz que o executivo criou "120 equipas de intervenção alojadas, estruturadas nas associações humanitárias".

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Bombeiros protestaram no sábado em Lisboa LUSA/RODRIGO ANTUNES

O secretário de Estado da Protecção Civil afirmou este domingo que não faz sentido algum dizer-se que o Governo está a "querer desprestigiar os bombeiros voluntários". As declarações de José Artur Neves surgem no dia seguinte a uma manifestação que juntou cerca de 3000 bombeiros no Terreiro do Paço, em Lisboa.

"Isso é impensável, não faz nenhum sentido. Dizer que estamos a querer desprestigiar os bombeiros voluntários, de forma nenhuma. Se alguns acham que estamos a desconsiderar as associações humanitárias, nunca nenhum Governo, desde que foram criadas as equipas de intervenção permanente, criou tantas equipas num só ano. Este ano, criámos 120 equipas de intervenção alojadas, estruturadas nas associações humanitárias", afirmou.

O governante, que se deslocou a Proença-a-Nova, distrito de Castelo Branco, para participar no 70.º aniversário dos bombeiros locais, adiantou que no próximo ano vão ser criadas mais 40 equipas de intervenção permanente.

Já sobre a contestação à reforma na área da protecção civil, explicou que um dos pontos que tem merecido críticas por parte da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) está relacionado com um comando autónomo dos bombeiros e que, no seu entendimento, o Governo não está a responder a essa exigência.

"Ora, nós, no diálogo que temos estabelecido com a Liga, porventura teremos que corrigir alguns dos pressupostos. Mas, o que nos pediram foi que entregasse um comando autónomo aos bombeiros de Portugal. E entendemos criar dentro da nova organização da autoridade nacional um comando autónomo dos bombeiros e com orçamento autonomizado, dentro do orçamento da Autoridade Nacional da Protecção Civil", explicou.

O secretário de Estado sublinhou que o que se pretende é criar uma estrutura de comando dos bombeiros que vai trabalhar com os bombeiros permanentemente.

"Achávamos nós que estávamos a corresponder àquilo que era a vontade da Liga e pelo que parece não será essa a vontade da Liga. Pretendem uma estrutura idêntica à da GNR ou do exército, mas nós temos dificuldade em organizar isso fora da Autoridade [Nacional da Protecção Civil]", sustentou.

Outro dos pontos que tem merecido contestação diz respeito à criação de uma carreira de inspecção dentro da Autoridade Nacional de Protecção Civil. Contudo, o governante realçou que decorre de uma imposição do Tribunal de Contas. "Talvez a redacção não esteja perfeita, só temos que fiscalizar o dinheiro que é público e que é entregue às associações humanitárias. Não temos que inspeccionar o dinheiro de donativos ou dos sócios. Temos que inspeccionar aquilo que decorre da lei de financiamento das associações humanitárias", concluiu.

O secretário de Estado afirmou que o Governo investiu nos últimos dois anos 42 milhões de euros na remodelação de quartéis de bombeiros e em viaturas de combate a incêndios.

"Nós, Governo, ao longo destes últimos anos, apoiamos como um investimento de 42 milhões de euros a remodelação de quartéis e a aquisição de viaturas. Foram 69 quartéis remodelados nestes últimos dois anos, um investimento de 31 milhões de euros, e 78 viaturas de combate a incêndios entregues às corporações de bombeiros, investimento na ordem de 11 milhões de euros", explicou José Artur Neves.

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