Mais de metade dos doentes esperaram mais de dois dias para serem operados a uma fractura na anca em 2015

Dados constam do relatório Health at a Glace 2018 divulgado pela OCDE. Boas práticas indicam que doentes com uma fractura da anca devem ser operados em 48 horas após terem sido internados.

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Andre Rodrigues

Mais de metade dos doentes portugueses internados (53%) em 2015 com uma fractura da anca esperam mais de dois dias para serem operados, segundo o relatório Health at a Glace 2018 divulgado esta quinta-feiraque analisa dados de 36 países europeus — entre os quais os 28 que fazem parte da União Europeia. Só 47% é que conseguem ser operados nos dois dias seguintes ao internamento.

O documento refere que o risco de fractura da anca está associado ao envelhecimento, razão pela qual se espera que este problema tenha maior impacto na saúde pública.

As boas práticas ditam que um doente com uma fractura da anca deve ser operado em 48 horas após ter sido internado. O relatório analisa dados de 18 países da União Europeia. Em média 77% dos doentes com 65 ou mais anos admitidos no hospital com uma fractura da anca em 2015 foram operados no espaço de dois dias.

“A maior parte foi tratada ou no mesmo dia da admissão [no hospital] ou no dia seguinte”, salienta o documento, que refere que na Dinamarca e na Holanda “a proporção de doentes operados no espaço de dois dias foi superior a 95%”.

Portugal ficou longe deste valor e abaixo da média europeia. Aponta o Health at a Glace que, em 2015, na Letónia, Portugal, Espanha e Itália “só cerca de metade dos pacientes com 65 ou mais anos foram operados nos dois seguintes ao internamento por fractura da anca”.

O documento acrescenta que “em Portugal, a proporção de pacientes operados nos dois seguintes ao internamento por fractura da anca desceu de 57% em 2008 para 47% em 2015, apesar dos enormes esforços de monitorização e incentivos financeiros” para dar uma resposta mais rápida.

Para a OCDE o tempo de espera pela cirurgia “pode ser influenciado por vários factores, entre os quais a capacidade do hospital e as políticas de divulgação e monitorização de dados”.

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Cirurgias programadas

O relatório também analisa os tempos de espera para as cirurgias programadas às cataratas e às próteses da anca relativos a 2016. O documento salienta que os tempos de espera para cirurgias programadas são um importante indicador de satisfação dos doentes.

Há dois anos, a média de espera para uma cirurgia às cataratas ia de cerca de um mês na Holanda a entre três a quatro meses de espera na Finlândia, Espanha e Portugal. Na Polónia a espera era superior a um ano. “A tendência em muitos países foi um decréscimo rápido do tempo de espera até 2010, tendo voltado a subir nos últimos anos”, aponta o documento.

O mesmo se passou em relação aos tempos de espera para a cirurgia de colocação de prótese na anca. “A média de tempo de espera em 2016 varia entre um a dois meses na Holanda e na Dinamarca até quatro a cinco meses na Hungria, Portugal e Espanha. Na Polónia foi acima de um ano”, diz o relatório.

Sobre Portugal, a OCDE diz que o comportamento do tempo de espera seguiu o mesmo padrão das cirurgias às cataratas. “Desceu substancialmente até 2010, mas desde então tem aumentado até chegar aos 100 dias, apesar de ter registado uma pequena redução em 2016.”

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De acordo com os dados, naquele ano 45% dos doentes que estavam na lista para uma operação às cataratas estavam à espera da cirurgia há mais de três meses. Em 2010 eram 30%. Já na cirurgia para colocação de uma prótese na anca, em 2016 62% dos doentes na lista esperavam há mais de três meses pela operação. Em 2010 eram 59%.

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