Israel bombardeia Gaza após resposta do Hamas a morte de comandante

“Não há solução diplomática para Gaza”, diz Netanyahu, depois de tropas israelitas terem sido descobertas em território palestiniano.

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A Força Aérea de Israel lançou um ataque para dar cobertura ao comando israelita Reuters/SUHAIB SALEM

Israel bombardeou ontem intensamente Gaza, em resposta a uma chuva de rockets que partiu da Faixa de Gaza depois de uma operação israelita ter morto no domingo sete pessoas em território palestiniano, incluindo um líder do braço armado do movimento palestiniano Hamas.

Os estúdios da Al-Aqsa, a televisão do Hamas na Faixa de Gaza foram bombardeados, após cinco tiros de projécteis não explosivos para alvos próximos, como um sinal para evacuar as instalações, avança a Reuters.

A operação surge num momento em que as Nações Unidas e o Egipto tentam mediar um cessar-fogo entre as duas partes, ao fim de oito meses de conflitos na fronteira.

Bo domingo, a operação contra o Hamas foi lançada por um comando do Exército israelita que circulava num automóvel no interior da Faixa de Gaza, na cidade de Khan Younis, a três quilómetros da fronteira.

Em resposta, no domingo, o Hamas disparou pelo menos dez rockets contra o território de Israel e lançou uma perseguição contra o grupo de operações especiais, que escapou com o apoio da Força Aérea israelita. Pelo menos um soldado israelita morreu e outro ficou ferido, segundo as Forças de Defesa de Israel.

Ontem, no Sul de Israel, foram activadas as baterias antimíssil e soaram as sirenes quando os palestinianos atiraram nova onda de projécteis. De acordo com as autoridades israelitas, foram disparados mais de 200 rockets, dos quais 60 foram interceptados. Há dez feridos. Um dos projécteis atingiu um autocarro, ferindo gravemente um soldado de 19 anos.

Os militares israelitas dizem ter atingido mais de 70 alvos na Faixa de Gaza. O Crescente Vermelho palestiniano relatava ontem pelo menos três mortes e vários feridos. Um edifício da universidade sofreu danos, relata a Reuters.

Num comunicado publicado no seu site, o movimento Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, identifica seis dos seus “mártires”, incluindo Nour Baraka, de 37 anos, um dos líderes das Brigadas Izzedine al-Qassam (o braço armado do Hamas).

O facto de esta operação surgir num momento em que a ONU e o Egipto tentam acalmar a situação pode levar a uma nova escalada do conflito. Por isso, alguns responsáveis israelitas tentaram justificar os confrontos de domingo como se se tratasse de uma operação falhada de recolha de informação.

“A operação não pretendia matar ou raptar terroristas, mas antes reforçar a segurança de Israel”, disse o porta-voz do exército, tenente-coronel Jonathan Conricus. Já o general Tal Russo fez declarações mais polémicas: “A toda a hora acontecem actividades que não chegam ao conhecimento dos civis. Esta acção — uma operação que terá sido exposta — não foi uma tentativa de assassínio. Temos outras formas de assassinar pessoas, e sabemos fazê-lo de forma muito mais elegante”.

A notícia levou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a encurtar a estadia em França, onde participava nas comemorações do 100.º aniversário do Armistício da I Guerra Mundial.

Sem solução diplomática

Netanyahu disse que Israel quer evitar “guerras desnecessárias”, mas que um grande conflito em Gaza poderá ser necessário. “Não há uma solução diplomática para Gaza, tal como não há solução diplomática para o ISIS [outra designação para o Daesh]”, disse. O gabinete de segurança do Governo reúne-se na terça-feira, diz o jornal hebreu Ha’aretz.

A situação na fronteira agravou-se nos últimos meses, desde o 30 de Março, quando os palestinianos lançaram a Grande Marcha do Retorno. Desde então, todas as semanas há protestos com queima de pneus, lançamento de pedras e balões incendiários, e tentativas de entrada forçada em território israelita.

Israel já matou mais de 220 manifestantes palestinianos a tiro. As autoridades israelitas não toleraram, ninguém perto da barreira que separa os dois territórios. Quem se aproxima torna-se um alvo militar.

Para tentar acalmar esta situação, o Governo do Egipto e o coordenador especial das Nações Unidas para o Médio Oriente, Nikolai Mladenov, têm mediado conversações entre as duas partes, num processo que pode sofrer agora uma nova e significativa contrariedade.

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