Emília Cerqueira: "Tenho a password de José Silvano. Não sou só eu, mas também tenho"

Deputada do PSD reconhece poder ter marcado presença com a palavra-passe do secretário-geral "inadvertidamente".

Fotogaleria
LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
Fotogaleria
LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
Fotogaleria
LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

A deputada do PSD Emília Cerqueira assume ter a password do secretário-geral José Silvano e que a usou para aceder a documentos de trabalho no terminal do computador no plenário. Ao fazê-lo registou a presença de José Silvano em dias em que o deputado estava ausente da Assembleia da República. Esta é a versão que a deputada defendeu esta sexta-feira, em conferência de imprensa. 

“Não só eu tenho [a password] mas eu também tenho”, disse, referindo que há “necessidade de consultar documentos da primeira comissão” de que ambos fazem parte. Emília Cerqueira, também membro do Conselho de Jurisdição Nacional do PSD, coincidiu na versão apresentada ontem por José Silvano ao dizer que o colega “nunca” lhe pediu para o registar. Portanto, se o fez, foi “inadvertidamente”. “Se nos dias em causa eu o fiz, é possível, não digo que não”, afirmou.

E usou um tom irónico para qualificar a sua atitude: “Pelos vistos eu cometi o pecado capital (…), é um grande crime que cometi”. 

No sistema informático dos computadores do plenário quando um deputado entra com a password fica automaticamente registada a presença do parlamentar. Funciona assim desde que a sessão plenária se inicia e até ao fim. 

A deputada revelou ainda usar a palavra-passe de José Silvano a partir do seu gabinete e não apenas no computador no plenário e através do tablet para aceder a documentos de trabalho. Esses documentos terão de ser individuais porque os deputados têm acesso a toda a documentação que está nas comissões através da intranet. 

Eleita por Viana do Castelo em 2015, Emília Cerqueira justificou só falar hoje, quase uma semana depois das notícias por causa da dimensão que o caso ganhou: “Só falo agora porque nunca imaginei que isto tivesse esta dimensão. Não posso deixar que o lamaçal continue”. 

Questionada sobre se não contactou José Silvano por estes dias depois de o próprio ter pedido uma investigação judicial, a deputada disse só se ter apercebido dessa exigência ontem à noite, depois de terminar uma audição com o Ministro da Administração Interna, que acabou por volta das 21h30. Foi nessa altura que telefonou a José Silvano, de quem se assumiu como “amiga”. 

Os jornalistas quiseram saber se não retira consequências desta sua atitude de usar uma password de um colega, como deputada e membro do CNJ, depois de os serviços da Assembleia da República, citados pelo Presidente, Eduardo Ferro Rodrigues, terem declarado que essa palavra-passe é “pessoal e intransmissível”. “Não vejo qual a ligação de uma questão e a outra. Não tem nada de mal. Não tem nada de errado partilhar passwords”, respondeu. 

Considerando que este caso é “um ataque directo à direcção de Rui Rio”, a deputada usou um tom agressivo para apontar o dedo aos que se “divertem tanto a acusar o deputado José Silvano”. “[A troca de palavras-passe] É uma prática corrente em todas as organizações e agora toda a gente se preocupa como um bando de virgens ofendidas - desculpem a expressão, mas eu sou do Alto Minho - numa terra onde não há virgens", disse.

Sugerir correcção
Ler 82 comentários