"Lisboa está pior do que há um ano", diz Assunção Cristas

No balanço do primeiro ano do mandato, a vereadora do CDS, que se tornou a maior força da oposição nas últimas eleições, não poupou nas críticas à gestão do PS/BE. “A cidade está pior do que aquilo que estava. Nada foi feito no último ano”.

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O CDS conseguiu, nas últimas eleições, um resultado histórico: conseguiu passar de um para quatro vereadores na câmara de Lisboa, tornando-se a maior força da oposição LUSA/Inácio Rosa

Mal começou o seu discurso, a líder do CDS-PP e vereadora em Lisboa, Assunção Cristas, não foi meiga nas críticas à gestão de Fernando Medina: “Um ano volvido, a cidade está pior do que aquilo que estava. Uma cidade mal gerida, aparentemente sem soluções para inúmeros problemas para quem nela vive, mas também para quem nela trabalha". 

No balanço do primeiro ano de “trabalho intenso" da vereação centrista na câmara de Lisboa, feito esta sexta-feira na sede do partido, no Largo do Caldas, Assunção Cristas foi desfiando o rol de problemas que tardam a ser resolvidos na cidade: "O trânsito está caótico, a falta de estacionamento continua a ser um problema grave. Na higiene urbana temos um problema, grave, uma cidade mais suja e ainda mais desleixada”. Para a centrista, tal deve-se a "uma grande incapacidade da actual coligação [Partido Socialista e Bloco de Esquerda] que governa Lisboa". 

As críticas acabariam por ser repetidas pelo líder da bancada na Assembleia Municipal de Lisboa, Diogo Moura, começando por lembrar que o CDS apresentou, num ano, mais de 25 propostas, mais de 30 requerimentos. “É um balanço muito positivo”, disse Diogo Moura, assumindo que o partido tem estado “na linha da frente” em vários âmbitos. Desde logo nas políticas sociais, lembrando que recentemente aprovaram uma proposta para a criação de parques infantis e jardins inclusivos para crianças portadoras de deficiência. 

Nas últimas eleições autárquicas, os centristas obtiveram um “resultado histórico”, como os próprios qualificaram. Passaram de um vereador para quatro no executivo municipal, tornando-se a maior força política na oposição. 

“Fomos marcando um escrutínio intenso do executivo de Fernando Medina, marcado pelos casos do estacionamento de Madonna", lembrou Cristas, apontando ainda os problemas nos viadutos de Pedrouços, que diz estarem ainda por resolver. E ainda os o processo dos terrenos da antiga Feira Popular.

Neste último ano, uma das decisões do executivo mais criticadas pelos centristas tem sido precisamente a Operação Integrada de Entrecampos, que dizem ser “ilegal”. É um megaprojecto — orçado em 800 milhões de euros, sendo que 100 milhões serão responsabilidade do município —, que ocupa os terrenos da antiga Feira Popular (e não só) e que prevê a construção de 700 fogos de habitação de renda acessível (515 construídos pelo município) e de um parque de estacionamento público na Avenida 5 de Outubro.

Ainda na semana passada, os vereadores centristas (Assunção Cristas, Conceição Zagalo, João Gonçalves Pereira e Miguel Moreira da Silva) apresentaram, junto da Procuradoria-Geral da República, um pedido de sindicância sobre o projecto, alegando que o limite de edificabilidade para ali previsto não cumpre a lei. 

Naquele local, que será “um dos melhores terrenos” do município, serão construídos mais escritórios e mais habitação de luxo, critica Assunção Cristas. Para a centrista, estes terrenos deveriam servir para a construção de mil fogos com rendas a preço moderado.

"Defendemos o princípio de que toda a propriedade pública na nossa cidade que seja municipal deve ser destinada para habitação com rendas a preço moderado", notou. E lembrou que o CDS quer igualmente que seja implementado um novo regulamento para a habitação municipal para acabar “com a pouca vergonha” das 1600 casas municipais que diz estarem fechadas, sem ocupação. 

Na área dos transportes, a centrista considerou que “sem uma expansão séria dos transportes públicos, com o metro à cabeça, com a Carris a funcionar bem e com o trânsito a fluir”, não será possível viver bem em Lisboa, admitindo que a linha circular, que ligará a o Rato ao Cais do Sodré, não servirá os lisboetas.

Também a higiene urbana não ficou de fora dos problemas elencados, com Cristas a afirmar que toda a cidade — e não só no centro histórico — “está hoje mais suja”. 

Na câmara, os centristas apresentaram, no primeiro ano do mandato, 45 moções, 19 propostas e 29 pedidos de informação. "Muitos deles" continuam por responder, critica Cristas, admitindo que "este é, talvez, um dos aspectos mais negativos do executivo de Fernando Medina", que "não tem capacidade de responder, com transparência, aquilo que lhe é colocado".

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