Elevar o nome de Portugal através da advocacia

Ter um advogado português a liderar uma associação internacional com o peso e a história da União Internacional de Advogados é um motivo que nos deve encher de satisfação e orgulho.

Entre outras características que nos definem como povo, permito-me destacar o facto de sermos um país sempre orgulhoso pelos feitos e reconhecimentos – da mais variada espécie ou feitio – de outros portugueses ao nível internacional. Muitos são os eventos que tiveram o mérito de nos encher de orgulho, de elevar o nome de Portugal internacionalmente e de engrandecer a nossa autoestima nacional.

Recordo esta nossa característica para destacar a nomeação de um advogado português para um cargo de prestígio internacional no âmbito da advocacia, que considero muito relevante para Portugal, em geral, e para a advocacia portuguesa, em particular. Refiro-me à eleição do advogado português Pedro Pais de Almeida como presidente da União Internacional de Advogados (a “UIA”), uma prestigiante associação internacional de advogados de todo o mundo.

Para aqueles que não conhecem a UIA, refira-se brevemente que esta associação completou no ano passado 90 anos de história – foi fundada em 1927 – e tem atualmente entre os seus membros advogados de mais de 100 países em todo o mundo. A UIA tem como objetivos principais a promoção e a defesa do Estado de Direito em todo o mundo, bem como o desenvolvimento profissional dos seus membros, através do aprofundamento da sua rede de trabalho internacional e de acesso a programas científicos de qualidade.

Para que se perceba ainda melhor a importância da nomeação de um presidente português da UIA, sublinhe-se, também, que a eleição de Pedro Pais de Almeida para este cargo representa apenas a segunda vez que, em 90 anos, um advogado português é eleito para estas funções. O primeiro português e único que havido sido presidente da UIA antes de Pedro Pais de Almeida foi o ilustre bastonário Adelino Hermitério da Palma Carlos no ano de 1959.

Importa, igualmente, referir que a par da presidência portuguesa da UIA, 2018 será, também, marcado pela realização do congresso anual desta instituição em Portugal, mais concretamente na cidade do Porto. Entre 30 de outubro e 3 de novembro, a UIA trará à invicta mais de mil advogados de todo o mundo que se reunirão sob a égide de dois grandes temas: “Os Desafios Legais da Escravidão Moderna” e “A Prática Jurídica na Era Digital”.

Estando já confirmada a inscrição de mais de um milhar de advogados, sobretudo de origem internacional, segundo dados divulgados, é importante que a advocacia portuguesa marque presença neste Congresso da UIA. Seria muito interessante que advogados portugueses, mais e menos jovens, pudessem participar ativamente neste congresso e beneficiar diretamente das mais-valias que se podem recolher de um certame desta natureza.

No que respeita aos mais jovens, julgo mesmo ser muito interessante a sua participação neste evento por forma, não só, a tomarem maior conhecimento e consciência dos desafios presentes e futuros (ambos bem expressos nos dois temas escolhidos), como também para poderem desenvolver a sua rede internacional de contactos com outros colegas, fator cada vez mais decisivo para a advocacia no século XXI.

Como já tive oportunidade de dizer e escrever em diversos sítios ao longo dos últimos anos, acredito que qualquer advogado pode afirmar-se a nível nacional e internacional se tiver um plano estratégico de carreira bem pensado e estruturado e, claro, se se aplicar muito para isso. Nós, os mais jovens, temos sem dúvida um conjunto de desafios muito superior às gerações que imediatamente nos precederam para nos afirmarmos, mas sem dúvida também que temos mais-valias únicas para vencer.

Sem desprimor a ninguém, acredito que hoje os mais novos têm um nível de formação técnica cada vez maior, uma aptidão para lidar com a tecnologia e com as novas ferramentas superior e, finalmente, uma capacidade grande para aproveitar as consequências positivas da planificação do mundo.

Neste contexto, um evento da natureza e com o conteúdo do Congresso da UIA tem as características certas para potenciar uma estratégia de desenvolvimento profissional, também, dos advogados mais jovens.

Não posso deixar de reconhecer, porém, que entendo que a participação no Congresso da UIA significa um investimento muito relevante para os participantes, sobretudo, quando ponderadas as condições em que vive e trabalha atualmente a advocacia portuguesa, em geral, e a jovem advocacia, em particular. Seria importante que a UIA, em parceria eventualmente com a Ordem dos Advogados ou outras entidades, estivesse disponível para ter uma atenção especial aos advogados portugueses, por forma a que estes possam participar no maior número possível.

Ter um advogado português a liderar uma associação internacional com o peso e a história da UIA é, sem dúvida, um motivo que nos deve encher de satisfação e orgulho, sobretudo aos advogados portugueses. Cabe-nos, pois, a nós, em conjunto com a UIA, tudo fazermos para, sendo possível reunir as condições necessárias, participar no Congresso do Porto da UIA, no qual estarão focados os olhos do nundo inteiro e, nesse evento, sinalizar de forma inequívoca a força e a qualidade da advocacia portuguesa. Será, sem dúvida, um corolário importante da presidência portuguesa da UIA e um meio de excelência para elevar o nome de Portugal através da advocacia.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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