Congressista republicano tem seis irmãos a fazer campanha contra si

Familiares de Paul Gosar acusam o republicano de ser "racista" e apelam ao voto no rival democrata nas eleições intercalares de Novembro. "Não se escolhe a família", responde o ultraconservador.

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Paul Goser (segundo à esquerda) com os conhecidos activistas de direita radical Tomi Lahren e Mike Cernovich (à direita de Gosar), em campanha pela candidata às primárias republicanas para o Senado, Kelli Ward (à esquerda), que acabaria por ser derrotada

Seis irmãos do congressista republicano do Arizona Paul Gosar participaram num vídeo de campanha do rival democrata, David Brill, a apelar ao voto contra o ultraconservador.

“É-me difícil ver o meu irmão de outra forma que não um racista”, disse Grace Gosar, irmã de Paul Gosar, no vídeo divulgado esta semana.

Gosar, que representa o Arizona no Congresso desde 2011, concorre à reeleição em Novembro. É conotado com a ala mais radical do Partido Republicano.

Em 2017, declarou que os violentos protestos de militantes de extrema-direita em Charlottesville, na Virgínia, tinham sido organizados pela oposição democrata para prejudicar o Presidente Donald Trump.

Acusou ainda George Soros, o multimilionário judeu de origem húngara que é um dos maiores financiadores internacionais de partidos e movimentos progressistas, de ter sido um “colaboracionista nazi”.

Essa declaração, feita em entrevista à Vice News, tinha motivado uma primeira tomada de posição pública por parte de seis dos seus nove irmãos, numa carta publicada no jornal Kingman Daily Miner em que acusavam Paul de ser “desonesto” e “anti-semita”.

Agora, e após um ano em que os seis publicaram repetidos ataques e insultos ao irmão através das redes sociais, voltam à carga num vídeo a apelar ao voto no democrata David Brill. “Acho que o meu irmão abandonou muitos dos valores que tínhamos à nossa mesa da cozinha”, diz Grace no clipe de campanha, onde Paul é ainda acusado de não defender os interesses da população rural do Arizona que o elegeu para o Congresso em Washington.

Segundo o jornal Arizona Republic, está planeada a difusão de um segundo vídeo em que os irmãos reclamam a defesa do “bom nome” da família Gosar. A maioria dos irmãos Gosar disse ao mesmo jornal que já não mantém contacto com Paul devido à radicalização política do congressista. Dois outros irmãos mantêm-se em silêncio. A mãe, em entrevista ao New York Times, disse-se "chocada" com o ataque e defendeu Paul: "Ele tem feito um grande trabalho pelo Arizona e [os habitantes] adoram-no".

Gosar, entretanto, reagiu ao ataque através da rede social Twitter: "São apoiantes ressabiados da Hillary que têm laços de sangue comigo mas que são como quaisquer esquerdistas, colocam a ideologia política à frente da família. Estaline ficaria orgulhoso".

"Não se escolhe a família. Todos temos tios e familiares malucos e a minha família não é diferente. Espero que encontrem paz nos seus corações e que larguem o ódio. Aos seis democratas zangados da família Gosar: vemo-nos em casa do pai e da mãe", escreveu.

Apesar das recorrentes polémicas protagonizadas por Paul Gosar — que, por exemplo, criticou o Papa Francisco por este apelar ao combate às alterações climáticas — o republicano lidera as sondagens com uma larga vantagem e deverá ser reeleito para mais um mandato de dois anos. O distrito que representa em Washington desde 2011, uma área predominantemente rural que faz fronteira com o Nevada, é um dos mais fortemente republicanos naquele estado do sudoeste dos EUA.

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