Costa anuncia aumento para 1500 milhões euros da linha de crédito às exportações

Primeiro-ministro visita Angola e diz que diferendos do passado estão no museu.

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António Costa visitou o Museu Militar em Luanda com o ministro da Defesa angolano e o ministro da Agricultura, Luís Capolas Santos LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

A linha de crédito de apoio às exportações para Angola vai aumentar de mil para 1500 milhões de euros, anunciou o primeiro-ministro, António Costa, no encontro com empresários portugueses em Luanda, onde aterrou nesta segunda-feira para uma visita oficial de dois dias, que termina com uma reunião com o Presidente da República João Lourenço e a assinatura de vários acordos bilaterais.

“Vamos aumentar a linha de crédito de apoio às exportações dos actuais mil para os 1500 milhões de euros. Esta linha de crédito ampliada a renovada é um sinal muito importante da vontade dos dois países de continuarem a estreitar as suas relações económicas”, declarou o primeiro-ministro em Luanda.

Perante os empresários portugueses, o líder do executivo defendeu a necessidade de se definirem novos objectivos e, por outro lado, de os diferentes agentes no terreno “não se cingirem ao que têm feito” em termos de cooperação. “Há ainda muito para fazer no futuro. Com a assinatura do novo acordo estratégico para a cooperação (2018/2022) vamos além dos domínios tradicionais da saúde e da educação. Alargaremos a cooperação a áreas de soberania como a defesa, a colaboração técnica policial ou a administração tributária”, especificou.

Para António Costa, os passos agora dados “traduzem que as relações políticas entre Portugal e Angola não só estão boas, como estão sólidas e com grande perspectiva de se poderem aprofundar ao longo dos próximos anos”. “Da parte de Portugal, creio que não há com nenhum outro país, em qualquer continente, uma relação tão intensa como temos com Angola, assente nos laços individuais que se foram estabelecendo. Como todas relações intensas marcadas pela paixão, muitas vezes essas relações são também emotivas. Mas, como sabemos, sem emoção não há uma boa relação”, advogou.

A relegar para o passado os diferendos e tensões nas relações entre Portugal e Angola, o primeiro-ministro não se referiu, porém, ao caso Manuel Vicente, ex-vice-presidente angolano, investigado e acusado pelo Ministério Público português dos crimes de corrupção activa, branqueamento de capitais e falsificação de documento. O processo acabaria por ser enviado para Luanda, em Maio, por decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, pondo fim a um diferendo que o próprio Costa classificou então como “irritante”.

Na intervenção, Costa defendeu que, no âmbito da relação entre África e União Europeia, Portugal e Angola encontram-se em posição privilegiada. “As relações políticas são essenciais, mas é absolutamente indispensável que o relacionamento humano, com a presença constante de quem aqui trabalha e investe, continue a construir a aprofundar as nossas relação com Angola”, afirmou.

Já antes, na visita ao Museu Nacional de História Militar na Fortaleza de Luanda, António Costa afirmou que o passado nas relações luso-angolanas ficou no museu e que os dois países se preparam para fechar um novo acordo de cooperação estratégica, num sinal de confiança em relação ao futuro. Sublinhou que a sua visita “começou precisamente no Museu de História Militar” e que isso “pode significar que o passado ficou no museu" e que agora compete às partes "construir o futuro" — "é nesse futuro das relações entre Portugal e Angola que temos de estar focados", disse.

No dia em que aterrou em Luanda, o primeiro-ministro teve um almoço informal com sete ministros do Governo angolano e com o governador do Banco Nacional de Angola no Embarcadouro do Mossulo, um facto que o executivo português considera ser já um reflexo do novo clima político entre os dois países.

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