Burros na luta contra o lixo em Mali

Na capital Bamako, estes animais estão na linha da frente no que toca à recolha do lixo.

A recolha do lixo em Bamako é feita com ajuda de carroças de burros Reuters/LUC GNAGO
Fotogaleria
A recolha do lixo em Bamako é feita com ajuda de carroças de burros Reuters/LUC GNAGO

Em Bamako, capital do Mali, a limpeza da cidade conta com um poderoso aliado: carroças de burros. Oito trabalhadores recolhem, todos os dias, porta a porta, o lixo domiciliário e descarregam em depósitos de resíduos que mais se assemelham a montanhas de entulho.

O Mali é um dos países mais pobres do mundo e as autoridades lutam para providenciar o saneamento básico público.

Os funcionários são jovens como Aurona Diabate, 19 anos. Não quer recolher lixo para toda a vida, mas afirma: "neste momento, as pessoas apreciam o meu trabalho porque ajudamos a limpar as casas da cidade."

Recebem um salário de apenas 35 libras mensais, o equivalente a 39 euros. 

De acordo com o censo de 2009, a população de Bamako quadriplicou desde 1976, ultrapassando os 1,8 milhões de habitantes. 

Desde o aumento exponencial de moradores na capital, e, por isso, do lixo produzido, o chefe de Diabate, Moustapha Diarra, entendeu que deveria contratar mais funcionários — não poderia ter apenas duas carroças na recolha do lixo, como há dez anos. O grupo passou a ser constituído por oito trabalhadores, que se levantam antes do nascer do sol para desempenhar este trabalho. 

Apesar da iniciativa, nem tudo funciona bem. Os despejos não autorizados proliferam pela cidade e, mesmo aqueles feitos pelos seus funcionários no local indicado, não são removidos pelas autoridades. “As pilhas de lixo aumentaram tanto que os resíduos se espalham pelas ruas e quando chove arrastam tudo com elas”, afirma Diarra. “Sem saneamento, não podem existir boas condições de saúde.”

Texto de Joana Passos Ribeiro (editado por Pedro Rios)

Os trabalhadores da recolha do lixo antes do arranque do dia de trabalho
Os trabalhadores da recolha do lixo antes do arranque do dia de trabalho Reuters/LUC GNAGO
O despejo do lixo feito pelos trabalhadores da capital maliana
O despejo do lixo feito pelos trabalhadores da capital maliana Reuters/LUC GNAGO
Carroças preparadas para descarregar lixo
Carroças preparadas para descarregar lixo Reuters/LUC GNAGO
Montanhas de lixo onde os trabalhadores descarregam os resíduos domiciliares em Bamako, Mali
Montanhas de lixo onde os trabalhadores descarregam os resíduos domiciliares em Bamako, Mali Reuters/LUC GNAGO
Arouna Diabate tem 19 anos e todas as madrugadas inicia a rotina de recolha do lixo domiciliário
Arouna Diabate tem 19 anos e todas as madrugadas inicia a rotina de recolha do lixo domiciliário Reuters/LUC GNAGO
Arouna Diabate, 19 anos, trabalha na recolha de lixo
Arouna Diabate, 19 anos, trabalha na recolha de lixo Reuters/LUC GNAGO
Salif Diabate, 18 anos, outro dos trabalhadores, antes de iniciar o seu turno
Salif Diabate, 18 anos, outro dos trabalhadores, antes de iniciar o seu turno Reuters/LUC GNAGO
Da esquerda para a direita: Dramane Diallo, 19 anos, Djibril Diabate, 16 anos, e Amadou Keita, 21 anos, descansam e observam os burros em Bamako, Mali
Da esquerda para a direita: Dramane Diallo, 19 anos, Djibril Diabate, 16 anos, e Amadou Keita, 21 anos, descansam e observam os burros em Bamako, Mali Reuters/LUC GNAGO
Djibril Diabate (direita), 16 anos, prepara-se para o trabalho em Bamako, Mali
Djibril Diabate (direita), 16 anos, prepara-se para o trabalho em Bamako, Mali Reuters/LUC GNAGO
Djibril Diabate na sua rotina diária
Djibril Diabate na sua rotina diária Reuters/LUC GNAGO
Souleymane Doumbia, 27 anos, antes da ronda de recolha do lixo
Souleymane Doumbia, 27 anos, antes da ronda de recolha do lixo Reuters/LUC GNAGO
Residente de Bamako, Mali
Residente de Bamako, Mali Reuters/LUC GNAGO
Burros interagem depois de um dia de trabalho
Burros interagem depois de um dia de trabalho Reuters/LUC GNAGO
Trabalhadores nos montes de lixo em Bamako, Mali
Trabalhadores nos montes de lixo em Bamako, Mali Reuters/LUC GNAGO