CP eliminou 12 horários na linha do Oeste mas continua a suprimir comboios

Entre 5 de Agosto e 5 de Setembro foram suprimidos 24 comboios na linha do Oeste. Só três tiveram transporte rodoviário alternativo.

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Sérgio Azenha

A degradação da frota da linha do Oeste é tão grande que, mesmo depois de a CP ter eliminado 12 comboios à sua oferta regular a fim de a adaptar à escassez de material circulante, as supressões têm-se mantido a um ritmo quase diário.

As automotoras avariam frequentemente e as oficinas da EMEF não têm pessoal para as reparar. Há duas semanas uma destas composições chegou a andar dois dias a circular só com um motor em vez de dois, acabando por soçobrar ao esforço e parar quando fazia serviço comercial sem que antes a tivessem enviado para a oficina.

Entre 5 de Agosto e 5 de Setembro foram suprimidos 24 comboios na linha do Oeste. Destes, só dois foram substituídos por um autocarro e um por um táxi. Nos restantes, os passageiros ficaram abandonados pela CP sem qualquer informação sobre a ausência de comboio.

Estas supressões sucedem-se a uma redução da oferta, no início de Agosto, que acabou com quatro comboios (dois em cada sentido) a sul das Caldas da Rainha e com seis comboios (três em cada sentido) entre Caldas e Leiria. Os comboios inter-regionais que ligavam o Oeste à linha do Norte, em Coimbra, foram substituídos por regionais que se quedam na Amieira onde os clientes da CP fazem transbordo para uma automotora eléctrica até à cidade do Mondego (ver caixa).

Já em Março a CP tinha eliminado permanentemente dois comboios (um em cada sentido entre Caldas e Torres Vedras) para obviar as supressões.

No total, desde o início do ano a empresa eliminou 12 comboios na linha do Oeste, mas as supressões mantêm-se e acabam por ser já rotina - começaram em Janeiro de 2017. Só nesse ano foram suprimidos 623 comboios nesta linha. E em 2018, só no mês e meio que mediou os dias 1 de Junho e 15 de Julho, a CP suprimiu 380 comboios no Oeste e só arranjou transporte alternativo para 145.

O PÚBLICO perguntou à empresa por que motivo, sendo as supressões frequentes, esta não tem operacionalizado um protocolo que, de forma automática, assista os seus clientes com transbordo rodoviário. Mas a empresa não respondeu.

Há alguns meses a CP no Oeste era conhecida por Camionetas de Portugal devido aos transbordos em autocarro, mas agora nem isso. Nem autocarros. Nem comboios.

Na região, são frequentes os relatos de passageiros que ficam horas à espera de comboios que não aparecem e sem que lhes seja dada qualquer informação. Há também quem tinha desistido dos empregos porque a CP não assegura o transporte casa-trabalho com fiabilidade e outros que tiveram que passar a usar veículo próprio, pagando combustível e portagens, em vez de andar de comboio.

Muitos atrasos

A par das supressões, o tráfego no Oeste tem andado desregulado devido às avarias não sendo raros os atrasos de mais de meia hora, chegando por vezes aos 50 minutos. No dia 21 de Agosto um comboio vindo de Meleças chegou às Caldas da Rainha com 1 hora e 20 minutos de atraso, quase tanto como outro regional vindo de Santa Apolónia que chegou à mesma estação no dia 28 de Agosto com 1 hora e 45 minutos de atraso. Nesse mesmo dia, os clientes da CP para Coimbra partiram também das Caldas com 1 hora e 45 minutos de atraso. O recorde do mês foi um regional vindo da Amieira  (onde deu ligação ao comboio vindo de Coimbra) que chegou às Caldas da Rainha com 2 horas e 50 minutos de atraso!

O PÚBLICO perguntou à AMT, enquanto entidade reguladora do sector dos transportes, qual a sua posição sobre o mau serviço da transportadora pública na linha do Oeste, mas aquela entidade diz que “não estão fixadas obrigações de serviço público concretas e mensuráveis a observar pela CP”.

Em 2017 a CP suprimiu 623 comboios neste eixo ferroviário e em 2018 esse número já ultrapassou os 760.

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