Da sida às migrações, de Janelle Monáe à Eurovisão: tudo sobre o próximo Queer Lisboa

O programa integral do festival de cinema LGBTQIA lisboeta, cuja 22ª edição decorre entre 14 e 22 de Setembro, foi anunciado esta terça-feira.

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Girl, de Lukas Dhont, que teve estreia em Cannes, é um dos filmes da 22.ª edição do Queer Lisboa DR

Já se sabia, desde Junho, muito sobre a 22.ª edição do festival Queer Lisboa, que decorrerá de 14 a 22 de Setembro entre o Cinema São Jorge e a Cinemateca Portuguesa. Que, por exemplo, O vírus-cinema: cinema queer e VIH/sida  era um dos temas centrais, com um ciclo de filmes e o lançamento de um livro com o mesmo nome (não é o único que vai sair durante o festival: Queerquivo - arquivo LGBT português , o projecto de André Murraças, também vai ganhar forma física lá), bem como uma exposição intitulada O vírus. Ou que Diamantino, a estreia nas longas de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, ia abrir o festival, e Bixa Travesty, documentário sobre a brasileira Linn da Quebrada de Cláudia Priscilla e Kiko Goifman, ia fechar. Agora ficou a conhecer-se o resto do programa, apresentado esta terça-feira em conferência de imprensa.

Na secção de longas, cujo júri inclui a actriz Leonor Silveira, o humorista e tradutor Hugo Van Der Ding e o jornalista e crítico de cinema e teatro francês Didier Roth-Bettoni, há filmes como And Breathe Normally, da islandesa Isold Uggadóttir, Azougue Nazaré, do brasileiro Tiago Melo, Blue My Mind, da suíça Lisa Brühlmann, Los Das Más Oscuros de Nosotras, da mexicana Astrid Rondero, ou Girl, do flamengo Lukas Dhont, o filme sobre uma bailarina trans adolescente que teve estreia em Cannes.

Outros títulos que estão a competir pelo prémio monetário de mil euros são Marilyn, do argentino Martín Rodríguez Redondo, que marcará presença no Queer, Sauvage, de Camille Vidal-Naquet, que também esteve em Cannes, e Tinta Bruta, dos brasileiros Filipe Matzembacher e Marcio Reolon.

Além do VIH, a edição deste ano também se quer focar em migrações, com alguns dos filmes das competições a tratarem do tema, que também contamina a secção Panorama, com uma sessão com a curta sueca Burka Songs, de Hanna Högstet, e o drama Apricot Groves, do iraniano Pouria Heidary Oureh, centrado num jovem iraniano-arménio que volta à Arménia pela primeira vez depois de ter crescido nos Estados Unidos. Essa mesma secção também passa L’Amour Debout, o filme do francês Michael Dacheux.

No universo dos documentários, os jurados são a turca Esra Özban, programadora e guionista, Margarida Leitão, a realizadora de Gipsofilia, e Rui Filipe Oliveira, produtor e realizador da RTP. A concurso estão filmes dos brasileiros Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros, que trabalham juntos, a francesa Régine Abadia, que filma em Entre Deux  Sexes duas pessoas intersexo, o "i" da sigla LGBTQIA que tantas vezes fica de fora, o brasileiro André Lage, as italianas Nicoletta Nesler e Marsilisa Piga, sendo que a primeira virá apresentar Lunàdigas, o filme assinado por ambas, o argentino Martín Farina, o libanês Anthony Chidiac, bem como dois norte-americanos: Leilah Weinraub e Jordan Schiele. O prémio são três mil euros, que equivalem à compra dos direitos do documentário para ser exibido na RTP2.

Já a secção Queer Art, dedicada à competição de filmes experimentais, tem no júri o actor Ricardo Teixeira, a jornalista espanhola Paula Arantazazu Ruiz e Victor dos Reis, presidente da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e aposta em obras do norte-americano Jerry Tartaglia, na dupla dos brasileiros Guto Parente e Pedro Diogenes, que virá ao festival introduzir Inferninho, no canadiano Wayne Wapeemukwa, no libanês Mazen Khaled, na chilena Helena Ignez, que também marcará presença para dar a conhecer A Moça do Calendário, no brasileiro Jean Santos e no duo australiano Soda_Jerk, bem como na espanhola Mònica Rovira, que estará no Queer a propósito de Ver a una Mujer.

Por fim, na secção de curtas-metragens, 22 filmes serão julgados pela actriz Maria Leite, pelo realizador britânico Rob Eagle, que também dará um workshop, e pelo artista plástico Thomas Mendonça. Pelo prémio de 1500 euros, que também é a venda dos direitos à RTP2, competem filmes assinados por nomes como a norte-americana Barbara Hammer, o português Ricardo Vieira Lisboa, a brasileira Carolina Markowicz ou o sueco Jerry Carlsson.

Janelle Monáe, a cantora de r&b que este ano se assumiu como pansexual, é, tal como o festival da Eurovisão, um dos assuntos das sessões Queer Pop, em que serão exibidos vários dos seus telediscos, havendo também espaço, nessa área do festival, para a exibição de Punk Voyage, o documentário assinado por Jukka Kärkkäinen e J-P Passi sobre a banda finlandesa de punk rock Pertti Kurikan Nimipäivät. Noutra secção, a Hard Nights, passa It is not the Pornographer that is Perverse..., do canadiano Bruce LaBruce com o actor pornográfico norte-americano Colby Keller, ambos convidados anteriores do festival, e My Body My Rules, da francesa Émilie Jouvet.

Também foi anunciada uma nova actuação numa das várias noites ligadas ao festival: a de MIKEY., uma pessoa não-binária australiana que canta e se tornou um ícone da noite de Berlim. Vai actuar na festa de encerramento no Titanic Sur Mer, que albergará uma versão lisboeta da rave queer londrina Homodrop.

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