Sub-30: os Fugly estão fartos de Millennial Shit

A onda de calor já passou, mas bastam alguns minutos na sala de ensaios dos Fugly, no Centro Comercial Stop, no Porto, para se começar a suar. Escondido atrás da bateria, João Hierro toca só de calções — e o padrão com bananas denuncia parte do menu que a banda se prepara para servir: há inspiração banana punk no rock lobster que cospem.

Pedro “Jimmy” Feio, guitarrista e vocalista, traduz: com os amigos (“e é muito importante haver bandas de amigos”) toca, desde 2015, “rock sempre a andar”, sem muito tempo para “floreados”, “o mais directo ao assunto possível”. A título de exemplo: os quatro rapazes — falta aqui apresentar Rafael Silver e Nuno Loureiro — estão fartos da vossa Millennial Shit; tão empanturrados que até fizeram este ano um álbum inteiro sobre isso. Tão fascinados que, ao mesmo tempo, a adoram.

No disco que lançaram depois de dois anos de “ressaca” — o tempo que demoraram a acordar (com algumas mazelas) do primeiro EP, Morning After — esmurram a própria geração para logo depois a ajudarem a levantar-se, com orgulho. 

Quando tocam frente a ela, os concertos tornam-se “caóticos”. Há muita “energia a querer libertar-se” e o fluxo nem sempre viaja apenas na direcção do palco para o público. É um ciclone de narizes partidos (história verdadeira), guitarras cor de pérola a escorrer sangue (outra história verdadeira) e pontapés na cabeça de quem tocou onde não devia, mesmo que fosse “sem intenção”. 

Pedro, que de Feio elevou-se a fucking ugly (Fugly), já estava à espera de nódoas negras. Queria sentir na pele o que os músicos que acompanhava enquanto técnico de som sentiam. Só este ano a banda que formou já deu cerca de 50 concertos. Foi em digressão pela Europa (Março a Abril) e a 16 de Agosto, às 18h, atingem o que todos concordam ser “o ponto alto” desde que arrancaram: actuar no Vodafone Paredes de Coura. É no caos que está a ordem?