Portugal é o terceiro país da UE com gás e electricidade mais caros

Carga fiscal e os chamados CIEG penalizam preço da luz. No gás natural é o custo das redes. Cálculos do Eurostat são os primeiros para todas as classes de consumidores domésticos

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Rita Franca

O peso dos impostos, taxas e outros encargos sobre a energia eléctrica para consumo doméstico em Portugal é a principal causa para que esta seja a terceira mais cara da União Europeia. Já no gás natural são sobretudo os custos da rede que fazem com que o país tenha também o terceiro preço mais caro, anunciou o Eurostat, esta terça-feira, com dados referentes a 2017.

Pelos 23,57 cêntimos pagos em 2017 por cada kWh de energia eléctrica pelos portugueses, 52% foram para impostos, taxas e outros encargos (onde entram parte os chamados CIEG, os Custos de Interesse Económico Geral), 25% para pagar a energia propriamente dita e os restantes 23% para os custos das redes.

Quanto ao gás natural, as parcelas dos 9,31 cêntimos por kWh estão mais equilibradas e os impostos, taxas e outros encargos são os que pesam menos: 38% são custos da rede, 36% gás natural e apenas 26% impostos, taxas e outros encargos.

Estes valores referem-se ao preço médio ponderado do quilowatt-hora pago por todos os consumidores domésticos, tanto na luz como no gás natural (convertido para a mesma unidade).

Trata-se de uma novidade em relação a anteriores cálculos feitos pelo departamento estatístico da EU, que se baseava apenas num segmento de consumo e, reconhece agora, “não era o mais representativo para todos os países”. Este novo método dá também cumprimento ao regulamento de 2016 que estabelece novas regras para as estatísticas europeias sobre os preços do gás natural e da electricidade.

Estes novos cálculos indicam ainda que para uma mesma unidade de kWh o gás natural tem um preço final para os consumidores domésticos em geral mais baixo que o da energia eléctrica. No caso português, é 60% mais baixo - uma diferença que exige algumas cautelas, porque os consumidores usam normalmente o gás natural para aquecimento e não para “acender a luz”: a química diz que para uma mesma unidade de electricidade são precisas quase três de gás natural.

Nesta primeira comparação, que continua a colocar Portugal entre os preços de energia mais caros, faltaram dados de Espanha, Itália, Alemanha e Chipre, na electricidade e no gás; e também da Finlândia, Grécia e Malta apenas no gás. Em relação a Portugal, na electricidade apenas a Bélgica (1º) e a Dinamarca (2º) têm a electricidade mais cara, entre 24 países da UE. No gás natural, a Suécia é a mais cara e a Irlanda a segunda mais cara, entre 21 países da UE.

O preço da electricidade por quilowatt-hora variou em 2017 entre os 10 cêntimos (Bulgária) e os 28 cêntimos (Bélgica); a maioria dos países ficou entre os 10 e os 20 cêntimos. No gás natural, variou entre os três cêntimos (Roménia) e os 12 (Suécia); a maioria ficou abaixo dos oito cêntimos.

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