Em São João da Madeira há um festival de se lhe tirar o chapéu

Este fim-de-semana, o centro da cidade vai animar-se com cerca de 60 performances artísticas. Da música ao novo circo, há muito para ver num programa que gira à volta da celebração da indústria chapeleira.

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Festival celebra a indústria chapeleira na cidade fernando veludo / PUBLICO

O município de São João da Madeira quer celebrar a sua tradição na indústria chapeleira e para o fazer preparou um festival urbano que promete animar o centro da cidade, a partir de hoje e até domingo. Chama-se Festival Hat Weekend e, como seria de esperar, coloca o chapéu no centro das atenções. Em cada performance e exibição, este será um assessório indispensável, “o que obrigou os artistas a adaptarem ou a criarem de raiz as suas apresentações”, destaca Suzana Menezes, chefe da divisão de Cultura da câmara municipal. À espera do público, no espaço público — entre o Museu da Chapelaria e a Praça Luís Ribeiro —, estarão cerca de 60 performances.

Instalações artísticas, espectáculos e performances de teatro, novo circo e música, experiências imersivas narrativas, arruadas e espectáculos das mais antigas bandas de música e de renovadas confrarias portuguesas são algumas das propostas do programa que arranca às 18h00 de hoje (com a inauguração da primeira obra do circuito de arte urbana). Algumas das propostas que serão apresentadas ao público são estreias absolutas, uma vez que foram encomendadas de propósito para o festival. É o caso do espectáculo Tangran e o Chapeleiro, criado pela Companhia Art’lier, e que combina video mapping, teatro-circo e multimedia, entre realidade e ficção, para fazer um elogio ao património da chapelaria (será apresentado hoje, pelas 22h30).

Recorrendo à figura de um “chapeleiro louco”, poetizado em torno do fantástico universo de Lewis Carroll [autor de Alice no País das Maravilhas], este espectáculo constitui “um momento de reflexão sobre a indústria da chapelaria e a figura do chapeleiro”, realça Suzana Menezes. “No século XIX havia um grave problema de demência dos chapeleiros motivado pelo mercúrio que eles inalavam para tratar o feltro e este ‘chapeleiro louco’ do espectáculo é a representação dessa parte da história”, acrescenta a também directora do festival.

Ao longo de todo o fim-de-semana, estará patente, na Praça Luís Ribeiro, a Feira do Feltro e do Chapéu — na qual artesãos, criativos, designers e lojas irão expor e vender os seus produtos —, que concitará as atenções a par da feira de doçaria Chapéus Doces. Os concertos, claro está, são outra das apostas fortes do programa, estando previstas as actuações da Cottas Club Jazz Band, Orquestra Improvável, Mimo’s Dixie Band e Banda de Música de São João da Madeira, entre outros grupos.

Para o Hat Weekend foram também convidadas as confrarias gastronómicas que usam chapéu. Amanhã, a partir das 15h00, reúnem-se em São João da Madeira, “transformando a cidade no grande palco das especificidades identitárias de várias regiões portuguesas”, assegura a organização do festiva. As confrarias farão um desfile entre o Museu da Chapelaria e a Praça Luís Ribeiro, acompanhadas pela banda de música do município. No domingo, igualmente a partir das 15h00, o mesmo formato irá ser seguido com bandas musicais de todo o país que tenham como elemento comum o uso de chapéu no seu fardamento oficial.

Segunda edição, dez anos depois

Esta é já a segunda edição do Festival Hat Weekend, muito embora aconteça dez anos depois da primeira. “Fizemos uma primeira experiência em 2008, na sequência da abertura do Museu da Chapelaria, em 2005, e que serviu para testarmos o conceito”, enquadra Suzana Menezes. Não obstante os resultados positivos, o evento acabou por não ter seguimento nos anos seguintes. O motivo? “Nestes dez anos, São João da Madeira teve dois executivos municipais diferentes, que já cá não estão. Só faria sentido serem os próprios a apontar as razões que levaram a que o festival não tivesse acontecido nos anos seguintes”, argumenta a directora do Hat Weekend. Passado à parte, importa o presente e também o futuro, uma vez que o “festival já tem igualmente garantida a edição do próximo ano”, adianta.

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