Club Med Cefalù, um resort para ver a cidade

Encavalita-se em penhascos para conseguir ter a melhor vista para a cidade. O pôr do sol tem de ser passado na piscina. E o resto do dia a explorar as montanhas, o mar Tirreno e a comida.

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Mauro Puccini

Uma granita não passa de uma mistura semigelada de água, açúcar e fruta fresca. É feita com estes três ingredientes e sem recorrer a qualquer máquina. Depois de congelar, mexe-se com um garfo e volta ao congelador. Imagine-se um sorvete, mas com pedaços de gelo maiores, que a tornam crocante antes de se derreter na boca. É tão simples que pode ser feita em qualquer cozinha. Mas “tudo muda” quando os limões, as amêndoas ou os morangos selvagens usados na preparação “são verdadeiramente sicilianos”.

Nino di Natale fala da granita como se um portuense descrevesse uma francesinha, ou um lisboeta um pastel de Belém. “A história, as cores lindíssimas e as pessoas são o principal. A passione, não? Mas há muitas coisas especiais aqui, pequenas coisas. Como a granita, o nosso pequeno-almoço de Verão”, diz o gestor das actividades e excursões do mais recente resort do Club Med, natural de Ragusa, a sul da Sicília. “Como todos os dias granita de morango dentro de um pão brioche, feito em casa”, assegura. Já aos visitantes, Nino aconselha comer uma num dos dois principais (e também os mais turísticos) cafés da Piazza del Duomo. “É um daqueles sítios onde te sentas, de frente para a catedral, com uma granita na mesa e pensas: ‘foi uma boa opção vir à Sicília’”.

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Um dos caminhos para os 304 quartos do resort Mauro Puccini

Este é o tipo de pensamento que Nino quer provocar a quem aparece no pequeno escritório dedicado às tours, plantado junto à recepção do mais recente Club Méditerranée tudo-incluído a entrar na colecção exclusiva dos resorts “mais luxuosos” (na Europa, só França entra na lista) do grupo francês, que está desde 2015 nas mãos da Fosun.

Quem chega ao de Cefalù, é convidado a instalar-se numa das vilettas que se empoleiram em escarpas rodeadas por jardins onde, além da vegetação autóctone, foram plantados cactos e suculentas. Ao todo, são 304 quartos, cerca de metade com vista para o mar, revestidos em pedra ou, no caso das villas independentes (128), em madeira escura para se camuflarem na paisagem de tons alaranjados.

Se as habitações foram construídas para se envolverem com a montanha, sem se destacarem, dois edifícios que remontam ao século XVIII, a igreja de Santa Lucia (o edifício cor-de-rosa que já mencionámos) e o Palazzo, foram preservados aquando da remodelação. E não têm como não se destacar. O palácio, um dos pontos mais românticos das instalações, foi convertido num espaço gourmet, de dois andares em tons pastel e azuis, com um menu inspirado “nos ingredientes que Sicília traz à mesa” preparado pelo chef Andrea Berton, que tem um restaurante homónimo em Milão.

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A partir de qualquer um dos pontos do resort, é rápido descer até chegar ao mar, onde foram construídas plataformas que permitem mergulhar de cabeça ou descansar em espreguiçadeiras junto a um dos três restaurantes (Riva) ou do bar da praia, Il Covo. Há um pequeníssimo areal, pelo que quem procurar areia nos pés terá de sair do resort. Durante o dia, pode-se experimentar surf numa prancha eléctrica (já que ondas nem vê-as) paddle, caiaque, vela, mergulho, kitesurf. Tudo isto numa zona do mar muito próxima do centro histórico de Cefalu — da nossa prancha de surf, parece que quase conseguimos dar à costa na praia do porto de pescadores de que falávamos no início do texto.

Ainda junto do Tirreno, irá brotar uma piscina natural, um espaço zen com um bar de sumos naturais (Eden Bar) que ainda não estava concluído aquando da pré-inauguração, na primeira semana de Junho. A piscina que estava pronta, no entanto, roubou todas as atenções. A localização, num amplo terraço em cima do mar, é perfeita. Foi construída para cocktails ao final da tarde e o sol parece deitar-se nela, momentos depois de inundar o espaço com a luz de “um dos mais bonitos pores do sol da Sicília” (novamente palavras de Nino Di Natale, que aqui escrevemos, em jeito de concordância). Quando este desaparece na água da piscina, basta debruçar-se nas margens e aproveitar mais alguns segundos de pôr de sol, desta vez no mar, lá em baixo.

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Gaetano Mendola

Já de manhã, a melhor vista é no (La) Rocca, onde são servidos pequenos-almoços com vista para a montanha que domina a paisagem da cidade e inspirou o nome do restaurante buffet. Dali, é possível ver o formato de baía da cidade. E, antes mesmo de se terminar o pequeno-almoço, a vontade de explorar vence.

Falámos do que fazer lá dentro; mas o conselho é sempre sair (e sim, depois voltar). Pode-se, por exemplo, escalar La Rocca, a partir da Piazza Garibaldi. Em menos de uma hora, por escadas e trilhos, chega ao topo e a vista panorâmica sobre o mar e a cidade, bem como as ruínas do templo de Diana, compensam o suor. Outra aventura é subir ao Etna (ou voar sobre o deserto vermelho e preto), o maior vulcão da Europa, que ainda está activo. A equipa de Nino organiza ainda visitas culturais, acompanhadas por guias, aos templos gregos em Agrigento, a Palermo, às ilhas Filicudi e Alicudi e a Corleone, a vila popularizada pelo Padrinho e uma das viagens mais cobiçadas.

“Há muito para explorar, e é possível não ficar só pelo resort, ou só por Cefalù”, diz. Mas o que “não se pode mesmo perder”, aconselha, é a excursão às 9h30 que leva os hóspedes de barco até à cidade (15 minutos), “mesmo a tempo de comerem uma granita”.

A Fugas viajou a convite do Club Med

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