PCP e docentes acham inconcebível apagão de um quarto da vida profissional

Sindicatos de professores reuniram-se com Jerónimo de Sousa e voltaram a apelar ao Governo para que marque novas reuniões de negociações sobre a recuperação do tempo de serviço.

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António PEDRO SANTOS/LUSA

O PCP e a plataforma que reúne 10 estruturas sindicais de professores e educadores consideraram nesta terça-feira que é inconcebível a destruição de cerca de um quarto das carreiras, insistindo na necessidade de negociação por parte do Governo.

"Os professores não discutem o 'quanto'. Discutem o 'quando' e o 'como' se concretiza essa reposição da contagem do tempo que é de inteira justiça, na medida em que não é concebível, para qualquer sector, que, de repente, um quarto da vida profissional se apague", disse o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, após o encontro na sede do PCP, em Lisboa, com os representantes dos docentes, que ao final da tarde tinham também uma reunião agendada com o líder do PSD, Rui Rio.

O líder do PCP elogiou a "unidade na acção e ampla convergência das várias organizações sindicais" para "uma luta justa do sector" e recordou que o executivo de António Costa, "nas últimas horas de discussão do Orçamento do Estado para 2018 (OE2018), admitiu essa cláusula e normativo - o artigo 19 -, que reconhece a contagem e o pagamento do tempo todo aos professores".

Por seu turno, o secretário-geral da Federação Nacional de Educação, João Dias da Silva, recordou a declaração de compromisso assinada pelos sindicatos e o Governo em 18 de Novembro, e renovou o desejo de retoma da negociação com o executivo, mostrando "toda a disponibilidade", designadamente para a contabilização do tempo de serviço se efectivar na totalidade para lá de 2023.

"A bola está do lado do Ministério da Educação, agora que estamos em tempo de Campeonato [Mundial] de futebol [Rússia2018]. Tem de convocar as organizações sindicais para uma nova proposta de trabalho sobre o modo e o prazo de recuperação deste tempo de serviço", afirmou o representante sindical.

Para Dias da Silva, "o tempo que esteve congelado é todo para ser considerado para a recuperação e para que os professores e todos os outros trabalhadores da administração pública, de todos os corpos especiais, possam ser reposicionados em carreira, em função do tempo de serviço que prestaram".

Os professores têm protagonizado diversas greves, às avaliações em curso, por exemplo, pois a classe profissional exige, para efeitos de progressão na carreira, a recuperação de nove anos, quatros meses e dois dias de tempo de serviço congelado, ao passo que o Governo, na sua proposta mais recente, apontou para a recuperação de menos de três anos, tendo criticado a postura inflexível da outra parte.

Jerónimo de Sousa voltou a acusar o executivo socialista de ser "mais papista que o papa" e querer "reduzir o défice a mata-cavalos", além de pagar "35 mil milhões de euros em serviço da dívida" e diversas contribuições para o sector da banca sem que resolva este "problema social", entre outros.

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