Investigador português reconhecido como um dos imigrantes do ano

Mário Monteiro encontra-se entre os 25 finalistas dos prémios Canadian Immigrant Awards pelo seu contributo no desenvolvimento de novas vacinas.

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Mário Monteiro é professor de química na Universidade de Guelph, no Canadá DR

Um luso-canadiano está entre os 25 finalistas dos Prémios Canadian Immigrant Awards pelo seu contributo mundial na investigação na área das vacinas, anunciou a organização.

Mário Monteiro, de 51 anos, professor de Química na Universidade de Guelph, no Ontário, foi o único português incluído na lista dos 25 finalistas reconhecidos pela revista Canadian Immigrant e pelo banco RBC. “Pessoalmente, é um reconhecimento do esforço e do sacrifício, especialmente dos meus pais. É uma etapa significativa da minha viagem profissional”, disse Mário Monteiro em declarações à agência Lusa.

O Top 25 RBC Canadian Immigrant Award, que vai já na sua décima edição, reconhece anualmente através de uma votação online os 25 imigrantes do ano que “são um exemplo de inspiração e tiveram um impacto positivo junto das suas comunidades”. “Penso que todo o ser humano gosta de ser reconhecido pelo seu trabalho. Também acho que todos os imigrantes, de uma forma ou de outra, merecem ser reconhecidos. No meu caso, as pesquisas têm trazido atenção ao Canadá, e já foram a base de alta formação para estudantes”, afirmou.

Nascido em Gouveia, distrito da Guarda, no Canadá desde 1981, Mário Monteiro reconhece que o prémio “é mais um incentivo para continuar a missão”, tentando “criar soluções para problemas de saúde global”. Actualmente, o investigador está a desenvolver, conjuntamente com a sua equipa na universidade, uma vacina para impedir a tuberculose.

Em 2016, foi vencedor do Prémio Inovação, atribuído pela Universidade de Guelph pelo seu contributo no desenvolvimento de uma vacina contra bactéria intestinal Clostridium difficile. Esta bactéria (C. Dificile) “é uma das mais perigosas das que se podem encontrar nos hospitais”, afirmou o professor em declarações à Lusa, em 2016.

A C. Difficile surge, maioritariamente, em pacientes que têm um historial de problemas com antibióticos. A bactéria não se encontra somente em hospitais, mas também em centros de saúde e lares de idosos, sendo uma das mais perigosas. A bactéria intestinal toma o controlo do sistema intestinal causando diarreia severa e, eventualmente, a morte. A Clostridium difficile representa um elevado perigo para a população idosa, mas já tem vindo a ser encontrada entre as faixas etárias mais jovens. 

 Ao longo dos anos, as companhias da indústria farmacêutica têm tentado desenvolver vacinas para controlar a bactéria, concentrando-se nas toxinas que a mesma produz. Esta vacina, desenvolvida por Mário Monteiro, marca a sua diferença dos restantes projectos, porque se foca em atacar directamente a superfície da infecção, controlando-a e regulando a colonização de bactérias existentes nos intestinos.

A companhia farmacêutica norte-americana Stellar Biotecnologies comprou os direitos comerciais da vacina em 2013, fazendo com que o investigador português entrasse para a história da Universidade de Guelph como responsável por um dos melhores negócios da história desta instituição de ensino.

O professor universitário foi ainda o responsável pelo desenvolvimento de uma vacina que ataca a bactéria intestinal Clostridium bolteae. Esta bactéria — responsável por causar distúrbios intestinais como diarreia e obstipção —, encontra-se geralmente associada ao autismo.

O professor Mário Monteiro, em 2014, já tinha sido reconhecido pela organização britânica vaccination.org, que, em colaboração com a World Vaccine Congress, elegeram o luso-canadiano como uma das 50 pessoas mais influentes do mundo na área das vacinas, numa lista que era liderada por Bill Gates, fundador da Microsoft.

Mário Monteiro é também um dos poucos investigadores de açúcares complexos, existentes na superfície das bactérias.

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