Inteligência artificial da IBM debate exploração espacial com humanos

O programa de inteligência artificial mostrou que é capaz de defender ideias e contra-argumentar num debate. Detectar ironia, porém, continua a ser um problema.

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O programa da IBM defendeu que o Estado devia financiar a exploração espacial © NASA NASA / Reuters

A IBM passou os últimos seis anos a criar um sistema de inteligência artificial para contestar ideias de humanos. O programa, chamado Project Debater, foi posto à prova esta segunda-feira, em São Francisco, EUA, em dois debates sobre o financiamento da exploração espacial e a telemedicina contra especialistas humanos.

"Lutar contra a tecnologia, é lutar contra o talento humano", frisou o Project Debater durante as discussões. Porém, não ganhou. A inteligência artificial mostrou que é capaz de defender ideias e contra-argumentar, mas o júri humano não lhe deu a vitória total: apesar de ser melhor na quantidade de informação exposta, ainda falha a apresentar os argumentos de forma mais convincente e expressiva do que os humanos.

Apesar das dificuldades do sistema, a IBM que é conhecida por construir supercomputadores capazes de derrotar humanos em jogos de xadrez e de perguntas sobre cultura geral, considera que a sua experiência foi um sucesso. “Sobre a exploração espacial, o Project Debater conseguiu contra-argumentar a favor do investimento público na exploração espacial ao falar dos potenciais benefícios tecnológicos e económicos que superam os custos do Estado,” diz Arvind Krishna, director de investigação da IBM, num comunicado sobre o evento. “Pensem nisto por um momento: um sistema de inteligência artificial foi capaz de interagir com profissionais humanos em debates, ouvir um argumento, e responder de forma convincente sobre um problema controverso sem qualquer guião.”

A equipa responsável pelo Project Debater descreve a criação do sistema como um “desafio incrivelmente complexo” porque o programa não podia utilizar respostas pré-formuladas no debate. No final, os argumentos utilizados foram todos criados com base no discurso dos outros participantes e uma base de dados digital com “centenas de milhões de documentos” que incluía, principalmente, artigos científicos e notícias de jornais. Para isso, o Project Debater teve de ser treinado durante anos com milhares de argumentos para aprender a sua estrutura e identificar erros de raciocínio, e programado para falar como os humanos ao perceber expressões idiomáticas como “estar nas nuvens”, “debaixo de olho”, e “uma ferida aberta”.

Durante o debate desta segunda-feira, o programa foi capaz de uma tentativa de humor ao dizer que a informação fazia o "seu sangue ferver, se tivesse sangue", mas não foi capaz de detectar todas as críticas dos adversários durante o debate e mostrou dificuldades a detectar ironia num discurso.

O objectivo do projecto, a longo prazo, é ajudar os sistemas digitais a expandir a inteligência humana. “O Project Debater acumula enormes conjuntos de informação e perspectivas para ajudar pessoas a construir argumentos persuasivos e a tomar decisões bem informadas”, diz o director da IBM, Arvind Krishna. No futuro, vê a inteligência artificial a ajudar empresários a avaliar os prós e contras de um tópico para chegar a decisões menos enviesadas.

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