Google Duplex, soa quase a humano

O assistente virtual da Google com a ajuda de uma tecnologia de voz de inteligência artificial vai tentar libertar-nos de tarefas diárias como marcar o cabeleireiro ou o jantar num restaurante.

Foto
dr

Quer marcar uma ida ao cabeleireiro, chamar um canalizador ou um jantar para sete pessoas mas não quer perder tempo com essa tarefa? A Google andou a trabalhar nessa ideia. Em Maio, apresentou o Google Duplex que irá funcionar com o Google Assistant, o assistente virtual da Google, que compete com a Siri da Apple e com a Alexa da Amazon.

Foi Sundar Pichai, CEO da Google, que mostrou no palco da conferência anual da empresa, a Google I/O, as potencialidades desta tecnologia de voz de inteligência artificial. Revelou que estão a trabalhar nela há muitos anos e que esta tecnologia de alguma forma reúne todos os investimentos que a empresa tem feito no estudo e aperfeiçoamento da capacidade das máquinas lidarem com linguagem, aprendizagem profunda e velocidade de discurso.

Sundar Pichai explicou que tiveram esta ideia porque mesmo nos Estados Unidos, 60 por cento dos pequenos negócios não têm um site que permita que se façam marcações online. Acreditam que a inteligência artificial pode ajudar a resolver esse problema de comunicação entre as pequenas empresas e o seu público.

Por isso, a empresa está a trabalhar para que quando o assistente pessoal Google lhe perguntar num telemóvel “Olá, o que posso fazer por si?”, lhe possa responder: ”Marque-me um corte de cabelo na terça-feira de manhã a qualquer hora entre as 10h e as 12h”. Se tudo correr bem, receberá por resposta: “Vou fazer a marcação e mantê-lo-ei informado”

Durante essa apresentação em inglês feita pelo CEO da companhia – há vídeos do momento disponibilzados pela Google – foi possível ouvir o Google Duplex fazer chamadas telefónicas para um cabeleireiro e um restaurante – onde as pessoas que atendiam a chamada não sabiam que estavam a falar com um ser não humano.

A apresentação da Google terá sido editada para que não surgissem, por exemplo, os nomes dos estabelecimentos para os quais se estava a ligar mas durante a conversa é realmente impressionante a forma como durante aqueles curtos diálogos, uns mais simples do que outros, o Google Duplex não se atrapalha ao desempenhar a sua função, não comete erros de interpretação e passa por ser um ser humano.

Uma das conversas desenrolou-se assim: “-Bom dia, como posso ajudá-lo?”, diz a pessoa que atende o telefone no cabeleireiro.

“Olá estou a telefonar para marcar um corte de cabelo para uma cliente. Estava a pensar marcar para dia 3 de Maio ”, responde a voz tecnológica.
“Claro, dê-me só um segundo.”
“Mm-hmm.”
“A que horas queria marcar?”
“Às 12h”.
“Esse horário não está disponível, o mais próximo que temos livre é às 13h15.”
“Tem alguma disponibilidade entre as 10h e o 12h?”
“Depende do serviço que ela pretende fazer. Que tipo de serviço ela pretende?”
“Apenas um corte de cabelo”
“Ok, temos disponibilidade às 10h”
“10 h está perfeito”
“Ok, qual é o seu primeiro nome?”
“O primeiro nome é Lisa”
“Ok perfeito, atenderei a Lisa no dia 3 de Maio às 10h!"
“Ok, óptimo, muito obrigado”
“Obrigada, tenha um bom dia. Adeus”

No final deste diálogo o utilizador do Google Duplex recebe uma notificação a informá-lo de que a sua marcação foi efectuada.

Posteriormente foram levantadas várias questões éticas e a Google já veio dizer que a tecnologia está a ser construída de forma a que o sistema quando vier a ser utilizado pelo público se identifique e que os seus interlocutores saibam de antemão que estão a falar com uma máquina.

Não se sabe se o Google Duplex vai revolucionar o mundo, ou se como muitas outras apostas da Google no passado morre quase à nascença por falta de entusiasmo do público que não as adopta. Mas mostra que depois da Internet, dos telemóveis, das plataformas das redes sociais enfrentamos uma nova perturbação nas nossas vidas: a da inteligência artificial. 

Sugerir correcção
Comentar